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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: O CERRADO MINEIRO, SUAS NUANCES, RIQUEZA E COBIÇADO. Quem se atreve a percorrer mais de 10.800 quilômetros durante 72 dias “quase” ininterruptos pelo Cerrado mineiro conduzindo um veículo pequeno porte? - Isso ocorreu comigo há 18 anos. Certa época a Companhia de Saneamento de Minas Gerais, me estabeleceu para percorrer o Noroeste de Minas - Alto Paranaíba e a região de Montes Claros e Januária. A Empreitada foi levantar todo “PASSIVO AMBIENTAL” e definir pontos de captações – no mais rápido possível - em várias cidades e comunidades das regiões acima citadas e relatá-lo de forma bem técnica, pois, os dados e informações básicas eram para serem incorporados nos Atlas dos Comitês de Bacias - Agência Nacional de Águas – ANA e definição dos valores de investimentos. – E assim, foi feito! Não obstante muitos ambientalistas confundirem o Cerrado com a Caatinga – não é assim! Somente nas transições têm uma leve aparência. A palavra “Cerrado” significa “fechado”: é um nome muito estranho para uma savana com muitos espaços – horizontes abertos com gramíneas e a vastidão do céu azul. O Cerrado, apesar do solo mais avermelhado, é muito rico em minerais (ferro, ouro, pedras preciosas). Só para terem uma ideia, a cidade de Vazante-MG é a capital do Zinco explorado pela Votorantim – pode ser observada pelo “openstreetmap” – lá existe uma cidade subterrânea com toda infraestrutura, a vários metros de profundidade – uma ação “tatureba” que em vez em quando, surge uma grande cratera na cidade (abatimento oriundo das lavras). Pois bem! Vamos ao “Cerrado mineiro”. Principiei a minha “expedição de demanda” pela cidade Luizlândia do Oeste, segui para Varjão de Minas - Vazante – tiros – Lagamar – Buritis - Lagoa Formosa – Cruzeiro da Fortaleza – São Pedro do Passa Três – Goiaminas - Formoso - Patrocínio até Abadia dos Dourados. Foram muitos lugares, que hoje não me lembro. A “semi-savana” mineira é grande! Eu que o diga. - Aliás, o cordisburguense “Miguilim” percorreu muito mais, sabia de tudo e mais um pouco! Foi uma tarefa árdua, no tocante ao sol ardente, poeira, carrapato, pneu furado e marimbondo. Contudo, tive a oportunidade de conhecer o cerrado do centro oeste mineiro – seu povo - suas exuberantes veredas e sua fauna, como: lobo guará (cor de gengibre) – Anta – Preá do mato – jaguatirica – tamanduá-bandeira – queixada e guariba e vários pássaros (arara-azul – papagaio-galego) e insetos que nunca pensava que existia. O Cerrado, além de ser uma caixa d’água, é um bioma de árvores peculiares, herbáceas que têm órgãos subterrâneos para armazenar água e nutrientes – a maioria com a casca grossa e tronco bem torto – tem um regime hidrológico satisfatório - chegando – em alguns pontos – a 1.300 milímetros de chuva/ano. – Mas... No período seco esta “semi-savana” é muito quente e seca. Dentro do nosso Cerrado temos os Parques Nacionais da Canastra e Peruaçu - que preservam muitos rios bordejados por palmares exuberantes. O mais plausível que temos nas regiões do Cerrado, é que muitos empresários associaram na constituição de mais de 100 RPPN’s (Reserva Privada do Patrimônio Natural) para proteger as características naturais e a vida selvagem do bioma. Apesar disso, infelizmente menos de 10% do cerrado permanece em estado selvagem – 90 % já foram alterados e/ou desmatados para produzir carvão no fomento à produção do ferro gusa (minério de ferro fundido) que é exportado para a Alemanha, Hong-Kong, Inglaterra, EUA, China e outros países. Só outra fonte de energia pode estancar o desmatamento no cerrado. Diante do avanço da economia através da valorização das “commodities” - é uma utopia querer salvar o cerrado. Só mesmo um “Plano de Manejo” provido de grandes reservas legais (bem definidas) pode amenizar os impactos negativos à fauna, à flora e à superexploração das águas superficiais e subterrâneas. O cerrado devido sua característica hidrológica, está sendo destruído para dar lugar ao agronegócio. No Noroeste de Minas e no Alto Paranaíba são observadas as incríveis e imensas plantações de soja – milho – algodão e até de chás. Já no Norte de Minas as áreas - na sua maioria - são ocupadas pela a agropecuária – geograficamente encontramos muitas facetas: pastagens onduladas – campos com paredes bastante protuberantes – que é o caso da Jaíba, Montalvânia – Itacarambí - Bonito de Minas e outras cidades do cerrado norte mineiro. O Cerrado ESTÁ MORREDOURO, dando lugar aos valores das commodities nas bolsas de valores. - Subjetivamente, digo: É irreversível!! Na última parte da minha aventura em um carro de “pequeno porte” o veículo não aguentou o tranco, começou a funcionar mal, logo veio um defeito tenebroso no percurso da rodovia MG 2625 perto de Palmital-MG – tive que deslocar 74 quilômetros até Brasília-DF e retornar por meio do avião até Montes Claros com todos os relatórios do passivo ambiental e as futuras captações já semi definidas. Reflexão: Bioma: me encanta o reino do cerrado / onde cresce o diverso na diversidade / o pôr do sol que é encantado / num pique esconde na luminosidade (no horizonte) / e nesta magia viva de vivacidade / és dourado, é ponte, é fonte, é cerrado. Por Luciano Spagnol XIII – IX - MMXXIII (*) José Ponciano Neto é Técnico Meio Ambiente e Recursos Hídricos - Supervisor de Gestão de Barragens. Ex Membro da Câmara Consultiva Regional do Alto São Francisco / Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF e ex Conselheiro do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Jequitaí – Pacuí e trecho do São Francisco (CBH SF06)

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