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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 1 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Cadê Meus Amigos, Onde Andam? (por Isaías Caldeira Veloso) Cadê meus amigos, onde estão? Sem nenhum contemporâneo da minha geração ou mesmo próxima, sou indez dentro da noite. Nesta noite, que cinge minha cintura num abraço secular, sou ave desgarrada, em voo solo. Sexagenário, ignoro meu tipo roto pelos anos, este arquiteto de ruínas e que de tudo faz esquecimento, como testemunham meus antepassados e todos que, como eles, foram oxidados, depois consumidos, e hoje habitam Efemérides. As moças passam com seus gestuais, lindas, com seus corpos em exposição, por entre as mesas. O bar fervilha. Tenho a idade de algumas mesas somadas. Os rapazes, fartos da liberdade e do usufruto dessa volúpia edificada sobre hormônios, olham distraídos essas rosas que aspiram à tarde, prontas a serem colhidas, uma a uma, e postas sobre vaso de linho ou qualquer espaço que abrigue luxúrias. Eles colecionam feitos sob o manto de Afrodite. Fugazes. Mal sabem esses moços que, vindo o tempo e suas tenazes, verão que o prazer de instantes não supera longas e demoradas preliminares, e que lamentarão, na idade madura, a desatenção a esse ítem. “Sexo não faz tanta falta; mas, beijar na boca, faz”, disse uma linda atriz brasileira, ao fazer 65 anos. As preliminares são a cereja do bolo. Não, não faltam mulheres aos que transitam cobertos dessas cinzas do tempo, como eu. Faltam esses ademanes, esses ornamentos, essas fantasias que fazem a tessitura dos encontros amorosos. Aos envelhecidos, faltam essas expansões amorosas, carentes desses desvelos femininos, desses carinhos que ornam os amores na juventude. Na noite, fazendo dela e seus sortilégios, a minha Shangri-la, vou apreciando a paisagem. Sou um homem atemporal, com a idade dos presentes. Não um sátiro dentro da noite, entre ninfas, mas alguém que se sabe efêmero e a quem o tempo lembra a condição de barro adiado. Carpe diem! (Montes Claros, 26 de setembro de 2021). N. da Redação: Isaías Caldeira Veloso é escritor, poeta e Juiz de Direito em M. Claros, da Vara de Família

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