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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 1 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A seca que chega Manoel Hygino Os que assistem aos programas de televisão tomam conhecimento bem sugestivo dos problemas que aguardam Minas Gerais e o Brasil, em consequência do período de poucas chuvas que ora atravessamos. Os mais entrados em anos se recordam das fases aflitivas de décadas atrás, quando caminhões lotados de pessoas nas carrocerias cruzavam extensas regiões nordestinas em direção ao Sul. Queriam água para beber, alimentos para saciar-lhes a fome. Era algo trágico, muitos ficavam pelas estradas, sequer conseguiam chegar ao ponto inicial da viagem de trem no sentido do Sul. Enquanto esperavam, a ansiedade aumentava. Oswaldo Gusmão descreveu: “Os dias se passavam sob um sol cada vez mais sufocante, como se anunciando a continuação, por muito tempo, da seca que por mais quatro meses castigava toda a região. O dia transcorria igual, seco, quente, com uma luminosidade que fazia as pessoas espremerem as pálpebras e tornava qualquer espécie de trabalho uma mortificação, agravada pela poeira que irritava a garganta e provocava pequenas rachaduras nas mãos e nos lábios”. Os viajores, que desciam no mapa e na geografia, passavam ainda fome. “Os braços estendidos para fora das janelas eram de pessoas que gritavam, pediam, rogavam desesperadamente algumas, podia dizer-se, que eram pouco mais que sombras, todas maltrapilhas. Havia gente de todas as idades, fazendo, de trem, a vigem de um imenso desespero e, paradoxalmente, exibindo, na sua miséria a esperança de que, em qualquer parte por onde passasse, afinal encontrasse milagrosamente um pedaço de pão, alguma comida, o que fosse, para dar alívio à fome, roupas, um agasalho qualquer para crianças esquálidas e quase nuas, um caneco de água ou de café ou de pinga”. Não só, contudo, os sertanejos procedentes lá de cima padeciam. As longas estiagens mal faziam também aos de Minas, numerosos fugindo para São Paulo e Paraná. Tampouco é coisa do passado. Continua em pleno século XXI, quando já se pensa em viajar, a título de turismo, para Vênus. Leio a nota de Luiz Ribeiro, informando que “alguns municípios norte-mineiros estão com comprometimento no abastecimento de água para uso humano na zona rural, como Coração de Jesus, Monte Azul, Guaraciama, Berizal, Ibiracatu, Pintópolis, São Francisco e Pedras de Maria da Cruz. Aguardam ajuda do Estado, que anunciou publicação de edital de licitação para contratar caminhões-pipa e adquirir cestas básicas para socorrer os flagelados”. Em pleno 2021.

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