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Mensagem: Sem estribeiras Manoel Hygino Em fevereiro, tem carnaval. O assunto serviu de mote para músicas do período, tornado símbolo de um povo considerado cordial e alegre, mas não tanto como se propalava. Tornou-se propício a excessos de múltipla natureza, sobretudo de violência. Mas, neste ano muito singular de 2021, do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, como inserido em registros oficiais e em nossos templos religiosos, a situação mudou, a duras penas. Grande parte do país – ou todo ele, praticamente – se curvou à imposição de um vírus que aparecera em laboratórios, há mais de um ano, e não dá sossego: o corona. Minas decidiu que não concederá ponto facultativo nos dias do Momo, de 14 a 20 de fevereiro. Não haverá folga nem recesso para o funcionário público, sobretudo, visando evitar aglomerações e crescimento das infecções, embora o presidente da República deva estar articulando alguma fuga ao protocolo sanitário, como reiteradamente. A maior cidade do Brasil seguirá Belo Horizonte. No Rio de Janeiro, idem. Se houver ensejo, a festança fica para julho. Em Manaus, palco de enorme mortandade por Covid, e falta de oxigênio, também houve orientação das autoridades para que não se festejasse o carnaval. Será que ainda haveria gente disposta a sair pelas ruas em louvor a Momo? No Brasil, é possível. A despeito dos avisos e recomendações, houve alegres aglomerações na passagem do ano. No aniversário de São Paulo, milhares e milhares de paulistanos se juntaram para comemorar, esquecidas do grande número de brasileiros que perdiam a vida. Não só: para enaltecer o título da Libertadores da América pelo Palmeiras. Multidões se formaram sem estribeiras, inclusive, resultando em mortos e feridos. E prisões. Onde anda a solidariedade dos nascidos neste país, abençoado por Deus? Tenho meditado e não encontro explicação plausível. Estamos abandonando a cordialidade e os foros de civilização. A constatação se confirma, todos os dias, com ajuntamentos nos bairros e vilas, principalmente nos grandes centros, em que já se fazem tradicionais os barulhentos eventos, para impedir a tranquilidade e o sono dos que trabalharam em suas jornadas e desejariam apenas descansar. Transformar esse ambiente hostil é um desafio para o poder público, que não encontrou formas e fórmulas para equacionar o problema.
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