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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 5 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Lava Jato no limbo Manoel Hygino Acabrunhado pela coercitiva e parcial inatividade, e condenado pela inclemência do novo coronavírus, o brasileiro se põe a meditar sobre a situação do país, neste segundo decênio do século. Além das praticamente indesviáveis consequências de uma doença sobre a qual a ciência sabia tão pouco, o cidadão deste país inventado por Cabral há mais de quinhentos anos pensa: o tempo político não é muito propício. Aylê-Salassié Filgueiras Quintão, jornalista de nome raríssimo, domiciliado em Brasília e natural do extremo da Zona da Mata Mineira, está entre aqueles que se dão ao sacrifício de meditar. Para ele, como para outros milhões, o futuro se tornou uma angústia. O indivíduo transformado em consumidor está irritadamente exposto e aborrecido, principalmente pelo que lê nos jornais ou ouviu e, ainda, pelo que conhecerá pelo noticiário das televisões. Não é difícil adivinhar. Além das dificuldades para a sobrevivência diária acrescentadas de inúmeros revezes, o brasileiro se torna pessimista, pois, sem perspectivas, diante dos fatos que se sucedem no âmbito da política e da administração pública. Salassiê, por exemplo, lembra que nem a Lava Jato, nem o Supremo Tribunal Federal, mandando um punhado de cleptocratas para a cadeia, conseguiram conter a capacidade resiliente dos personagens do patrimonialismo político no Brasil. “Um delinquente era preso em um dia e solto no dia seguinte”, talvez para rodízio nos estabelecimentos penais, talvez para fazer de conta que a lei tinha primado e não esquecida. Mas, de um momento para outro, eclode aquilo que se mantinha em processo de decantação. A Lava Jato passou a receber críticas e reservas, sobretudo a partir do momento em que o ex-juiz Sérgio Moro caiu no rol de inimizades do atual ocupante do Palácio do Planalto. Curioso é que a chapa vencedora da mais recente eleição presidencial contara exatamente com a simpatia, o apoio e a graça do magistrado de Curitiba para levantar votos. A Procuradoria Geral da República aparece agora para afirmar que pretende unir as três frentes da Lava Jato num organismo único. Eles são somente integrantes de um órgão de Estado, movidos para operações especiais. Seja o que for, a iniciativa cheirou mal, depois dos reconhecidos e notórios serviços prestados à nação na luta contra a corrupção. Os resultados têm nos sido revelados pela Imprensa, mas o mais relevante possivelmente seja sua força sobre a consciência dos brasileiros que esperavam sempre uma ação poderosa contra a corrupção. A confiança pública, possivelmente, ampliaria as atividades da operação e de seus objetivos. Não foi assim. Moro perdeu o cargo em Curitiba e criou inimizades na cúpula política federal, embora o brasileiro queira que a ação contra a corrupção e os corruptos não sofra solução de continuidade. Repetindo Luiz Carlos Azedo, “a Lava Jato constitui o maior expurgo já promovido na política brasileira num ambiente democrático, desde a proclamação da República. É excelente oportunidade para testar o que se conseguiu evoluir em termos de enfrentamento da corrupção e de como e quanto a operação resultou ferida agora em seus propósitos e programas”.

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