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Mensagem: O Dia da Mulher No segundo dia de março, Montes Claros perdeu, com quase 89 anos, Zezé Colares, pioneira em iniciativas dignas de lembrança na cidade. Passou da crônica social, em que atuou por sessenta anos, para o mecenato, o amparo às artes e à cultura. Graças a seu devotamento, centenas de jovens viajaram pelo mundo para participar de congressos de folclore e levou a inúmeros países, o grupo Banzé, sua dança e sua música. Domingo passado, por sinal, comemorou-se o Dia Internacional da Mulher, que deveria inspirar respeito, amor e admiração por aquela gerada para acompanhar o homem em sua vida terrena. No entanto, o que se viu pelos veículos de comunicação foi a sucessão de notícias de crimes, até bárbaros, cometidos contra aquelas que são nossas mães, esposas e filhas. Que século é este? Que milênio vivemos? O que aprendemos com as lições da história? Ou, como disse Fukuyama; a história acabou? A mulher, vilmente tratada e assassinada, é a mesma que espontaneamente surgiu durante a Idade Média, como lembra o humanista Ivan Lins. Ele ensina que se mede o grau de civilização de um povo – na expressão de Robertson – pela maneira com que nele é tratada a mulher, primitivamente considerada um ser inferior. É ainda Ivan Lins quem diz que a mulher, tal qual se nos apresenta e a consideramos hoje, “o eterno feminino” de Goethe, é o misto de ternura e pureza, uma lenta criação da humanidade, isto é, resulta da longa e tormentosa evolução da humanidade desde o pântano em que nos achávamos enchafurdados, até os dias em que já começamos a parecer homens. Gibson registra que, entre os antigos, nada mais subalterno do que o papel das mulheres – meras máquinas de procriar, sem merecerem o menor apreço sob o ponto de vista intelectual, quer mesmo sob o aspecto afetivo, compreendidas no Direito romano na classe das coisas. Não lhes cabia o direito de tratar dos próprios negócios, nem serem assistidas por um tutor, legalmente instituído, do qual dependiam inteiramente. Mesmo as patrícias ficavam, sob o nome de tutela, numa espécie de escravidão permanente. Haveria imensamente a considerar e escrever. Mas lembraria, por exemplo, que – durante a fase ascendente da atividade conquistadora dos romanos é que cresceu o apreço pela mulher. Provam-no os nomes de Vetúria, mãe de Coriolano, imortalizada por Shakespeare, e Cornélia, a mãe dos Gracos, que preferiu a viuvez ao leito de um soberano. Eis um rico e belo desenvolver. O conceito de mulher é indispensável ao sentimento de grandeza de seu significado para a sociedade e para a humanidade. Há muito a fazer, muitíssimo, para que a mulher seja instalada, efetivamente no lugar a que está destinada, começando por estabelecê-la na categoria de providência moral da espécie, como apregoava Comte. E os homens serão mais do que bípedes: precisarão ser gente, educar-se, respeitar para que as almas masculinas não sejam punidas como quis Platão.
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