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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 5 de novembro de 2024
 

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Mensagem: As enchentes de 1978 Manoel Hygino 1º de fevereiro, ainda bem que sábado, passadas as doze horas do dia, quando “uma nuvem que os ares escurece sobre nossas cabeças aparece”, como disse Camões na sua obra maior. Em seguida, na capital dos mineiros, a chuva forte, acompanhada de ventos intensos sopra pelos sopés da Serra do Curral e pelo amontoado sempre crescente de prédios ali construídos. E sobreveio o granizo em determinadas áreas, porque a natureza programara um temporal completo. Esperava-se que, pelo menos sem vítimas humanas, como nas anteriores chuvaradas no mês anterior. Depois dos terríveis dias de calor de 2019, eis as tempestades de 2020, que mudam muito na vida brasileira, principalmente no Sudeste. Não constitui novidade, mas modifica planos administrativos, as perspectivas do Carnaval, o início das aulas escolares. Recordo o governo de Minas sob Ozanam Coelho, quando se avizinhava uma séria recessão e o PIB estadual regredia: como se não bastassem essas condições adversas, o verão 78/79 marcado por chuvas torrenciais que provocaram enchentes devastadoras em todo o Estado, principalmente em Belo Horizonte e sua região metropolitana, obrigavam o governo a desviar os já escassos recursos para socorrer a população menos favorecida, a mais atingida. Mas era imprescindível a realização de obras emergenciais, sobretudo de barreiras e pontes, destruídas pelas enchentes. Efetivamente, o agressivo período de chuvas de 78/79 marcou e castigou Belo Horizonte e atingiu o coração do governador, na expressão de um dos seus auxiliares mais íntimos... “Porque ele era um homem mais dedicado à pobreza, e os que sofreram com desabamentos foram os menos afortunados ele mandou construir, através do DER-MG, umas casinhas, para resolver o problema emergencial, lá nos Gorduras, que estão lá até hoje. Foram construídas para serem retiradas depois, era só para atender aquela emergência dos desabrigados, em vez de os colocar em um galpão. O DER-MG trabalhou dia e noite e construiu lá umas casinhas. Isso afetou demais a sensibilidade dele. Lembro-me até que ele foi dar uma entrevista na televisão e não conteve as lágrimas. Porque foi uma coisa que tocou mesmo, ele sentiu o problema isso marcou muito o seu governo, e as enchentes impediram que ele fizesse muita coisa que pretendia fazer”. E o próprio Ozanam, na Associação Comercial de Juiz de Fora, disse: “Tudo o que era possível fazer, foi feito. Mobilizamos e convocamos, atendemos e ajudamos na medida do possível, sobretudo na primeira hora, quando, justiça seja feita, a Cedec revelou-se um instrumento operacional e criativo de extrema importância e agilidade mas a ajuda do governo do eminente presidente Ernesto Geisel ao nosso Estado, desde a primeira hora, quando determinou a vinda de seu ministro do Interior, o ilustre engenheiro Maurício Rangel Reis, para ver de perto, em todas as partes em Minas e estados vizinhos, o alcance dos prejuízos – o que também fez o governador do Estado às vezes com risco de vida. Com esta ajuda aprovada pelo eminente presidente Ernesto Geisel, e mais os nossos recursos, embora escassos, reconstruiremos o que enchente levou, mas é lamentável lembrar as vidas perdidas – e não foram poucas”.

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