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Mensagem: A ALEGRIA DAS PEQUENAS COISAS Sou acordada toda manhã por uma orquestra especial: o canto dos mais diversos pássaros que visitam meu jardim e meu quintal. Ao fim da tarde, sento em minha varanda para recebê-los. É um presente que me é oferecido gratuitamente pela natureza. E, quando desço para o centro da cidade, vou observando as árvores em flor, os transeuntes caminhando, os novos prédios, a bela arquitetura que se desenha por nossa cidade. É um prazer incomparável! Parece que nasci apaixonada pela beleza das pequenas coisas. A primeira casa em que moramos, na Rua Santa Rita Durão, nos Funcionários, em Belo Horizonte, casa essa que havia sido de meu avô materno, foi o meu pequeno mundo em meus primeiros três anos de vida. Logo que fiquei de pé, comecei a explorar aquele mundo encantador e fascinante. As portas tinham maçanetas esmaltadas com delicadas pinturas e me demorava a contemplá-las. Tudo ali me marcou tão profundamente que, ainda hoje, sou capaz de descrever cada canto daquela casa. Lembro-me até da laranjeira e do pé de conde que havia no quintal. Da varanda e da escada que dava para o jardim. Tudo ali me deslumbrava! Como também me encantavam as pessoas que lá entravam, principalmente os parentes de papai que vinham daqui do Norte de Minas e lá se hospedavam. Eu me apaixonava por todos eles: minha avó, minha madrinha, minhas primas já adultas. Acho que foi naquela casa que aprendi a ser feliz, sem nada exigir da vida senão aquilo que ela me oferece gratuitamente. Percebo as pessoas tão atormentadas pelas coisas do dia-a-dia, sem se darem conta da beleza que nos cerca e nos oferece a oportunidade de sermos felizes e pacíficas. O planeta é tão lindo e, em especial, o nosso país. Mas, tem gente cujo sonho é viajar pelo mundo, sem nunca ter conhecido a beleza da Amazônia, as praias do Nordeste, o mundo encantador e europeizado do Sul. Por que desejar o que está tão longe e exigir tanto de nós para alcançar quando tudo de bom e bonito está ao alcance de nossos olhos? Não podemos evitar as tristezas da vida como a doença e as perdas. Elas fazem sofrer, mas, como tudo, também são passageiras. Acho que ser feliz é uma escolha que fazemos. Vivo as dores e alegrias com grande intensidade. Porém, elas não me fazem deixar de ser feliz e de viver em paz. Deixo a vela queimar até o fim e pronto. Procuro não olhar demais para o passado, nem cultivar as dores. Escolhi ser feliz, independente dos acontecimentos. Acho que nasci com a vocação para a felicidade, mas é claro que a idade ajuda muito. Não pretendo ensinar nada a ninguém, há muito deixei a sala de aula. Acho que cada um tem o seu caminho e encontra a sua fórmula para viver sem grandes deslizes ou sofrimento, O que percebo, entretanto, é que, depois do smartphone e das redes sociais, as pessoas vivem mais pensando na vida dos outros e deixam de saborear a delícia da convivência, dos olhos nos olhos, do abraço e dessa interação que nos ajuda a crescer em humanidade, como também, mais do que nunca, estão perdendo o precioso hábito de ler livros. A vida, porém, me ensinou algo muito importante: só tenho controle sobre minha própria vida e sobre minhas reações. Aprendi que, quanto mais gratidão por aquilo que parece banal, mais coisas boas e pessoas boas vêm até nós. Respirar plenamente, acordar de manhã, movimentar-se, enxergar, ouvir, ter o coração batendo no ritmo, um cérebro capaz de observar e raciocinar, ter um emprego, família que nos ama e se importa conosco não são coisas banais, são privilégios que não são dados a todos. Por isso, começo meu dia agradecendo por tudo, inclusive por ter condições de tomar um farto café da manhã. É um conselho que dou àqueles que desejam viver bem e em paz: agradeçam por aquilo que são e por aquilo que têm. E tornem-se mais observadores do que lhes vive e acontece no entorno. Andava triste por ter uma avalanche de pensamentos e não estar conseguindo escrever absolutamente nada. Sendo que ainda tem um fator agravante da situação: a idade nos torna perigosamente rigorosos, o que nos leva a achar que tudo que produzimos é pura besteira. Entretanto, percebi que não valia à pena aborrecer-me com isso. Desde que comecei a escrever, sempre vivi alguns vácuos criativos e fiquei muito feliz ao tomar conhecimento de que isso costuma acontecer com os mais criativos escritores. Como eu, uma pobre escrevinhadora, não os teria? Além disso, os grandes escritores também rasgavam muitas obras e as abandonava, pensando o mesmo que eu. Então, vejam: pequenos contratempos não merecem de nós nem mais um cabelo branco! O que importa mesmo é cultivar sempre a alegria e o otimismo porque, afinal de contas, tudo é passageiro demais. Vamos aproveitar a benção dessa vida e dessa maravilhosa viagem pelo planeta Terra. Maria Luiza Silveira Teles (membro da Academia-montesclarense de Letras)
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