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Mensagem: JK e nossa água Manoel Hygino A chuvarada que caiu sobre Belo Horizonte, sábado, com pesado volume de água descendo pelas serranias, limpando a poeira acumulada pelos lados da Serra, Sion, Cruzeiro e demais bairros, fez lembrar o tempo em que a capital estava ameaçada, como hoje, por falta de água nas torneiras, em épocas futuras. Época tormentosa, porque a população crescia e os mananciais abastecedores não eram suficientes para atender à demanda. Seus prefeitos quebravam a cabeça em busca de soluções, mas todas eram apenas paliativas. Cedo, a cidade ultrapassara à casa de um milhão de habitantes e se sabia que a evolução demográfica não pararia. A população do interior queria e sentia a necessidade de reinstalar-se em lugar que lhe oferecesse melhores condições de vida. Desejava casa própria, assistência médica, escolas, o que, enfim, as grandes cidades podiam oferecer. A capital era a solução. As administrações se viam em dificuldade, porque as receitas dos tributos aumentavam bem abaixo do imprescindível. Belo Horizonte se transformou num deserto de gente que pleiteava e precisava de água. As fontes mais próximas já tinham sido utilizadas, como no caso do Cercadinho, dos Menezes, depois da Mutuca e dos Fechos, esta já na gestão de Giannetti, gaúcho com grande experiência no trato da coisa pública e do empreendimento privado. Celso Azevedo veio depois, eleito em 1954, belo-horizontino que poderia ajudar na solução. Conhecia a dimensão do desafio. Naquela época, não havia secretarias, mas departamentos municipais. O professor Saul Macedo, da Escola de Engenharia, foi convidado para chefiar o de Água e Esgoto. Durante longo tempo, debruçou-se com seus auxiliares em procura do melhor caminho, enquanto a população pedia e reclamava. Como lenitivo, se implantou um serviço de perfuração de poços, ainda incapaz de atender às necessidades da trepidante cidade. Diante das circunstâncias, marcou-se com o presidente da República, o ex-prefeito da capital Juscelino, uma audiência no Catete, Rio de Janeiro. Era uma grande comitiva – com deputados, vereadores, representantes do empresariado, quando o chefe do Executivo municipal entregaria um minucioso projeto de aproveitamento de cursos de água das redondezas. Seria a salvação. No entanto, no velho palácio, depois de ouvir exposições sobre a situação hídrica da capital e da proposta, Juscelino apresentou uma inesperada proposição: captação da água do rio das Velhas, em Bela Fama, empreendimento que possibilitaria o suprimento da metrópole inaugurada em 1897 e poderia esperar um novo século. Além do mais, com execução e financiamento por organismo federal. Assim se fez, não houve objeção, nem poderia. Pôde-se aguardar até o século XXI, com ajuda de outras fontes. Agora, o desastre de Brumadinho, com interrupção da adução do Paraopeba, mudou tudo. Voltamos no tempo.
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