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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 6 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Morte de um Nobel Manoel Hygino Na oportunidade de aproximação entre Brasil e China, a exemplo do que fizeram os Estados Unidos, lembro que, em 13 de julho este ano, completaram-se dois anos do falecimento do dissidente Liu Xiaobo, de 61, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2010. Pouco se falou do ilustre morto, acusado de subversão pelo regime de sua pátria, condenado a 11 anos de prisão, quando ou por lutar por reformas democráticas. Estava internado na cidade de Shenyang, no Norte, com um câncer terminal no fígado, transferido de prisão. À véspera do desfecho, informara-se que o paciente apresentou “insuficiência respiratória” e sofrera falência múltipla de órgãos. Naquele julho, o escritor brasileiro, nascido em Santa Catarina, Emanuel Medeiros Vieira, ex-preso do governo autoritário, que também sofria de câncer que resultou em seu óbito, comentou em mensagem, por julgar escondida a notícia: “Meu coração sempre esteve ao lado dos perseguidos e humilhados – na esfera política – como os perseguidos da ditadura brasileira (o signatário foi um deles...) e os presos, torturados e mortos das ditaduras do Cone Sul etc”. Emanuel recordava que Liu fora libertado condicionalmente para tratar-se do mal que o consumia. O dissidente recebia tratamento sob guarda policial no hospital. Comparando sua situação com a do Nobel, o brasileiro observou: “Tratar de um câncer, mesmo sem perseguição política, com todos os cuidados, já é difícil e complicado. Imaginemos (todos nós) como deve ser um tratamento com escolta policial”. Seria verdadeiramente “comunista” um regime que persegue os seus dissidentes e que admite o trabalho escravo? Claro que não. Todos sabem que lá reina o “capitalismo de Estado”. Para o Comitê do Prêmio Nobel da Paz, o governo chinês tem uma pesada responsabilidade na morte de Lui Xiaobo, pelo fato de “ele não ter recebido tratamento adequado por um longo período”. O catarinense acrescentou: “só gostaria que, depois de tanto sofrimento, o dissidente chinês possa descansar em paz, e que sua morte possa lembrar – a todos nós – que nenhum homem é uma ilha, como escreveu John Donne”. E estamos no século XXI. Eu sei: na tecnologia, melhoramos. E no resto? Se combatemos o fascismo, o macarthismo, as ditaduras que existiram na América Latina e em outros países, não podemos nos calar. A morte do humano é a derrota da civilização e da democracia como valor universal. No começo de sua mensagem, escreveu-me o autor catarinense, já então morador de Brasília: “Creio que o nosso humanismo não pode ser ‘seletivo’. Em qualquer lugar, em qualquer espectro ideológico, quando os direitos do homem forem violados, nossa palavra deve ser dita – mesmo que cause incompreensões e injustiças. Espero estar correto”.

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