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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 6 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Nicodemos em cena Manoel Hygino Nesta hora, as nações discutem a Amazônia e o seu futuro, a poluição no mundo e as queimadas, nossos indígenas, nossas riquezas de um modo geral e se reacendem as apaixonados debates sobre a maior floresta do mundo. O governo reitera que aquele território é brasileiro, intocável e inalienável sob qualquer pretexto ou motivação. Caberia, assim, que o conhecêssemos melhor, desde seus primórdios e àqueles que lhe dedicaram obras literárias que não podem perder-se no silêncio das estantes das bibliotecas e nas prateleiras das livrarias. Entre os autores deste século (Raimundo de Morais é do passado), há de dar-se destaque a Nicodemos Sena, nascido em Santarém do Pará. Em tempos mais recentes, ele oferece, além de artigos publicados em sua cidade, excelentes obras já publicadas em Taubaté. Ali, de onde partiu Fernão Dias Pais, para sua obra bandeirante por imensas regiões de Minas Gerais, Nicodemos instalou seu QG para desvendar as selvas de sua região natal, com sua gente, seus bichos, suas árvores, seus segredos e mistérios. O quartel-general de Nicodemos é a Letra Selvagem, em que promove a edição e de onde faz a divulgação de seus livros e de outros autores, importantes, que merecem interesse, sobretudo neste momento. A inspiração emana da Amazônia brasileira, da qual partiu para produções que ganharam dimensão nacional, ou mais. Para ajudar a compreender o universo fantástico que há no Norte brasileiro, indicam-se dele “A noite é dos pássaros”, “Choro por ti, Belterra”, “À espera do nunca mais”, e “A mulher, o homem e o cão”, que proporcionam uma visão ampla sobre o autor e da sua obra e do que ela já representa no cenário de nossas letras. Lá da fronteira Sul, em sua Roque Gonzales, o apreciado autor gaúcho Nelson Hoffmann, situa o colega de profissão: é sul-americano, brasileiro e amazônico e seu relato persegue um tempo e um espaço há muito deixados para trás, pojados de sonhos e esperança”. “Incrível Brasil. E tão verdadeiro”: Um pouco acima do Rio Grande, Enéas Athanázio, de Santa Catarina, um dos nossos mais conceituados escritores, também emite parecer: “como tantas vezes ocorre com a boa ficção, o romance de Nicodemos Sena é um documento mais útil e veraz da vida amazônica e da época do que muitos trabalhos históricos e científicos. Mais proveito terá o historiador e o antropólogo de sua leitura do que com exame de volumosas obras de outros gêneros”. A “Letra Selvagem”, a editora de Sena, tem propiciado ao leitor desta nação a oportunidade de saber mais sobre o território e o homem. “Choro por ti, Belterra” descreve, em cores fortes a até pungentes, a saga do projeto de Henry Ford ao instalar na Amazônia um grande empreendimento industrial. Não deu certo. O escritor conta ali a viagem de reencontro de seu pai, com a recôndita terra de seu nascimento, Bernardino, o Bibi, nascido em Lago Grande, município de Santarém. Órfão com um ano, o avô e outros membros da família foram vítimas da “Grande Peste de Impaludismo”, um surto de malária que matou milhares de pessoas no Baixo Amazonas, quando poucos sobraram para sepultar os mortos. Era durante a segunda grande guerra e aconteceu no Brasil, na região que tanta celeuma ora causa. Resgatar a memória da Fordlândia, dos que ali passaram dias dolorosos, é um serviço que Nicodemos presta à pátria. Constitui uma lembrança poderosa para os brasileiros, um alerta nesta hora de discussões polêmicas e pouco produtivas. Um bom serviço que se presta ao Brasil!

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