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Mensagem: A reboque, não Manoel Hygino O que acontece no Brasil presentemente lembra o tempo de Jânio Quadros, mas ao contrário. O embaixador Vasco Leitão da Cunha, de alto prestígio no Itamaraty, ao comentar a renúncia do presidente, observou: “O eleitorado, pela primeira vez na história da República, tinha eleito um presidente com 6 milhões de votos. Era uma coisa enorme! E ele traiu o eleitorado”. Sobre Jânio Quadros, acrescentou: “Era muito inteligente, muito instruído e conhecedor dos problemas. Tinha muita razão de ser o presidente. Mas o temperamento lábil o anulava, o desequilíbrio o levava ao exagero”. Quis conferir o significado do adjetivo: lábil – sujeito a escorregar, a cair; que cai facilmente; transitório; instável. Isto é, que varia de opinião. Dá para entender o que Vasco queria dizer. Assim, a política externa, posta em prática por Jânio e Arinos, pela primeira vez, se tornou assunto de debate pela opinião nacional. As relações com Cuba e os países africanos e comunistas eram tratados nas pautas e dividiram o país. Leitão da Cunha explicou à Fundação Getúlio Vargas: “Acho que ela – a política externa independente – se define pela noção de que até então nós tínhamos o hábito de seguir docilmente, automaticamente, os Estados Unidos, e dessa vez íamos ser independentes da política americana, íamos criar uma política com a África”. O embaixador era mais claro. “Eu estava de perfeito acordo em fazer política com a África, desde que não prejudicasse o interesse nacional. Mas não achava que a generalização a respeito de votar automaticamente com os Estados Unidos estivesse certa. Não tínhamos porque nos queixar maiormente dessa política, considerada a partir de então, como de subserviência aos Estados Unidos, porque nas coisas importantes sempre tomávamos as deliberações mais acertadas para o Brasil. Com os Estados Unidos, mas não a reboque, era a tese de Lauro Müller”. Nação independente, o maior país do hemisfério sul da América, o Brasil quer andar de bem com os demais do Novo Mundo, conviver e somar esforços pelo desenvolvimento próprio e dos outros, mas sem subordinar-se. Daí, a preocupação que se tem com os passos dados recentemente com relação a Washington. Explica-se: o governo dos EUA designou o Brasil como aliado preferencial extra-Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A medida foi comunicada ao secretário de Estado americano, Mike Pompeo, em memorando assinado pelo presidente Trump. No memorando, Trump afirma que a designação se destina “para os propósitos do Ato e do Ato de Controle de Exportações de Armas”. A promessa havia sido feita por Trump durante a viagem do presidente Bolsonaro a Washington, em março deste ano. De acordo com o Departamento de Estado, algumas das vantagens de ser um parceiro preferencial incluem a colaboração no desenvolvimento de tecnologias de defesa, o acesso privilegiado à indústria de defesa dos EUA, e aumento nos intercâmbios militares conjuntos, exercícios e treinamentos. A medida, segundo especialistas, facilita um provável acordo comercial entre o Brasil e os EUA. Facilita, é o que consta. O presidente Bolsonaro digitou: “O Governo dos Estados Unidos oficializou na noite desta quarta, 31/07, a indicação do Brasil como aliado preferencial extra-Otan, medida mais que importante para nossa Defesa”. O continente está de olhos ligados no andamento destas demarches, perdoem-me o galicismo. O que interessa são os “finalmentes”. O Brasil precisa de Washington, Pequim, Irã, Londres, Paris, Berlim. Viver bem com todos, eis a questão.
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