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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 6 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A segurança nacional Manoel Hygino O período eleitoral no interior de todo o Brasil é tempo de festa, com foguetório nos dias de comício, quando há fartos comes e bebes, a que não faltam também, às vezes, desavenças causadas repetidamente pelo excessivo apelo à aguardente. De todo esse espetáculo cívico (?), restam sempre lembranças alegres e amargas, que conseguem vencer os limites do tempo. Assim tem sido, assim será, a despeito da inserção da televisão nos costumes nas pequenas cidades, vilas e favelas. A turbulência no pleito do próximo ano pode extrapolar. Nunca antes, jamais, em tempo algum, chegou-se a tamanha e tão delicada situação, suscitada por acusações e suspeições de toda procedência. As redes sociais ganharam espaço antes não vislumbrado e se registrou uma invasão imprevista de notícias falsas, que – entre nós – ficam mais chiques na tradução inglesa – fake news. Há alguns anos, o quase conterrâneo José Luiz Rodrigues, professor de Matemática e Química na Escola Normal de Montes Claros e no Colégio São João, de Januária, fez proezas; fundou o primeiro cursinho e mais dois centros culturais na região e participou do encontro da Academia de Letras, Ciências e Artes do São Francisco. Após escrever o primeiro livro, logo se popularizou. José Luiz decidiu reunir em um só volume três trabalhos já editados, acrescendo poesias não conhecidas. Uma das crônicas se refere ao período que viveremos: o eleitoral, em que os candidatos fazem a pregação em favor de seus candidatos, seus projetos e plataformas. O escritor conta que, eleito vereador por Mocambo, Zé Funil, seu personagem, assumiu a tribuna, e num vozeirão de barítono, apresentou o projeto principal: - Povo de minha terra, aqui estou para assegurar um direito que é de todos nós. Solicito e defendo uma quota de pelo menos dez por cento de analfabetos em nossa terra. É questão de segurança mundial. Vaiado de pé, Zé Funil foi questionado pela oposição num aparte cheio de ironia: “Vossa Excelência perdeu o juízo? Explique-se!” O orador pediu silêncio e, quando o público se acalmou, toda Mocambo ali representada ouviu um discurso recheado de lógica incontestável. É o seguinte, senhores, meus pares: O governo quer acabar com o analfabetismo. Isto é um perigo. E se tudo que ensinam nas escolas estiver errado? Escutem minhas razões: A medicina é estudada desde antes de Cristo. Mas não se consegue curar uma simples gripe. Existe um tal de micróbio que ninguém vê. Só os doutores. É exame disso e daquilo só pra comer o dinheiro da gente. As leis mudam tanto que a gente passa a desconfiar. Aquela lei de ontem tava errada? E a de amanhã vai consertar a lei de hoje? Fez uma pausa, para descansar as cordas vocais, e voltou ao tema: E assim vai, assim vai indo, sem fim. A Matemática ensina que a estrada mais curta é uma reta. E sabemos que Deus escreve certo é por linhas tortas. E assim, senhores, se essas ciências todas estiverem erradas, é bom que a gente tenha uma reserva de analfabetos. Deste modo quando aparecer a verdade, todo mundo já estará contaminado. Por isso, proponho uma quota de dez por cento de analfabetos. Por medida de segurança.

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