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Mensagem: Jesus: Um julgamento político Manoel Hygino “Jesus” é o título do livro de Rodrigo Alvarez, tido pela editora Leya como o autor laico que mais vende livros de temática religiosa no Brasil. Levado a Pilatos, estava um homem machucado, extremamente cansado, que provavelmente passara a noite sem dormir, rezando e refletindo sobre as consequências do julgamento, tão apressado quanto injusto e agora tendo que responder à ironia do prefeito: “É você o rei dos judeus ?”. Pedro Rogério Moreira, meu confrade na AML (filho de Vivaldi, presidente perpétuo da Academia, sobrinho, pois, do poeta Édson Moreira, cujo centenário ora celebramos), intervém em seu “O livro de curiosidades da Bíblia,” afirmando ter sido um julgamento político, o de Jesus Cristo. Explica: “O Sinédrio, misto de tribunal religioso e civil, composto da nobreza da nação judaica, condenou Jesus à morte. Mas não tinha a autoridade de matar. Por este motivo, o Sinédrio encaminhou o condenado ao representante de Roma em Jerusalém, Pôncio Pilatos. Deu-se, então, a segunda fase do processo, diante do tribunal civil romano, o Pretório. Pilatos não se convenceu da culpa de Jesus e o enviou à presença de Herodes Antipas, o tetrarca da Galileia, a mais alta autoridade civil judaica. Nem mesmo Antipas, que mandara matar João Batista, viu culpa em Jesus. E o enviou de volta a Pilatos. Mesmo sem convicção jurídica e moral, o representante de Roma acabou fraquejando por medo político, e referendou a sentença imoral, reclamada aos berros pelo populacho arregimentado pelo Sinédrio (João18, 13-27 e 19.1-13 e ‘Vida de Cristo’, de Ricciotti)”. O rabino Rami M. Shapiro, presidente do Centro Metivta de Judaísmo Contemporâneo, em Los Angeles, provido de uma série de títulos de relevo, não foge a indagações: “Crê que Jesus foi crucificado pelos romanos? “Sim. Jesus atraía grandes multidões, e estas deixavam os romanos nervosos. Eles eram o exército de ocupação e muito odiados pelos judeus. Sempre havia a possibilidade de uma multidão se rebelar. Crê que as autoridades judaicas fizeram um acordo com Pilatos para acabar com a ameaça de violência que a atração de multidões por Jesus representava? “Sim. A fim de manter a integridade do Templo, os sacerdotes tiveram de fazer um acordo com Roma. Acho que a motivação da liderança judaica era política e não teológica, ao contrário do que alegam os Evangelhos. A Palestina do Século I estava repleta de candidatos a Messias, e Jesus teria sido visto como apenas um outro numa longa linhagem de representantes ao trono de Davi. O que lhes causava preocupação era a ameaça que Jesus representava para a sobrevivência nacional. Crê que o povo judeu rejeitou Jesus e trocou sua vida pela de Barrabás? “De modo nenhum. Em primeiro lugar, a lei e os costumes romanos não permitiam a libertação de um criminoso.... A história foi deliberadamente invertida a fim de passar a culpa pela morte de Jesus dos romanos para os judeus, e com isso facilitar a propagação do cristianismo entre os romanos”.
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