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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 6 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Os caminhos do pescador Manoel Hygino Junho, sexto mês do ano, é o das festas que movimentam todo o interior brasileiro, herança lusitana. Joaquim Cabral Neto, mineiro, advogado, com uma série de títulos na carreira, incluindo a presidência da Associação Mineira do Ministério Público e da Confederação Nacional, professor de Direito Penal da PUCMG por mais de 25 anos, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, decidiu prestar reverência a Pedro, apóstolo de Cristo, e o fez, este ano, publicando “Pelos caminhos do pescador”. E o fez em um livro de quase quatrocentas páginas. O autor confessa que sempre imaginou Pedro como “o mais humano dos Apóstolos, em quem encerravam todas as virtudes e fraquezas do homem: vaidade, animação, medo, desprendimento, fé, amor, alegria, fingimento, arrogância, coragem, bazófia, confiança e covardia. Pobre, estouvado, trabalhador, honesto, bom pai de família e temente a Deus, era a imagem do homem comum. Talvez seja por isso que eu tenha encantado com ele! Sem nenhuma característica especial que o destacasse dos demais tornou-se um líder. Isso é que o diferenciava de Paulo – um renovador extremista – e de Thiago, o justo – um conservador empedernido”. Descrever um homem assim não foi missão fácil para o magistrado, mas conseguiu fazê-lo com todo mérito, embora o seu livro não se tenha restringido ao apóstolo de mais de dois mil anos atrás. Joaquim Cabral reconstrói, em pormenores, os anos vividos por Pedro, um judeu simples que se meteu numa enrascada ao lado de Jesus para chegar também ao martírio em nome de uma causa. Mas o autor não se cinge ao lado humano de Pedro e de seus companheiros de aventura, acompanhando Jesus. Aprende-se muito, porque Cabral nos leva a conhecer as estradas percorridas para difundir a Boa Nova, a crença num Deus eterno e supremo, cuja imagem não pode ser reproduzida e que não há de perecer. Um pormenor: A mensagem, atraente: Todos iguais! Ricos, pobres, escravos, romanos, gregos ou judeus, letrados, incultos, agricultores e comerciantes. Todos recebidos pelos Nazarenos, que os tratavam com igualdade, porque o seu Deus tinha a todos como filhos. Mas, como foi o desempenho dos Apóstolos dos primeiros tempos, se o líder fora sacrificado no Gólgota? Onde se reuniam, como se comportavam, quem os acudia, onde se localizava o seu trabalho? O autor procura oferecer respostas a todos os quesitos, e o faz em amplitude e profundidade. Admira a constatação de que uma religião, que surgiu numa remota província romana, ao cabo de relativamente poucos anos, expandia-se tão rapidamente, examinando-se os fatores que colaboraram para a transformação. A partir de um pequeno grupo judeu, o movimento adquiriu maiores proporções dentro do Império, primeiramente nas províncias orientais de língua grega e, em seguida, nas províncias romanas ocidentais ao longo da Europa mediterrânea. O cristianismo era, então, um fenômeno urbano, desenvolvendo-se especialmente nas cidades costeiras do Mediterrâneo. Cabral alerta que a língua grega, na qual os textos cristãos foram originalmente escritos ou traduzidos – era, na verdade o Coiné, um dialeto falado pelo povo nas regiões helenizadas do Oriente. Deste modo, se Paulo não houvesse escrito suas Epístolas em grego e os textos da Boa Nova não tivessem sido traduzidos para aquela língua, poucos teriam sido convertidos entre os não-judeus de língua grega, e o cristianismo dificilmente se teria tornado um religião mundial no decurso de três séculos. A difusão da mensagem cristã, por muitos anos, se fez através do grego, e não só aramaico ou do hebraico. Os judeus, já no século IV a.C., estudavam o antigo Testamento na chamada tradução dos setenta (Septuaginta) elaborada em Alexandria por sábios da diáspora. É o que o livro de Cabral conta, em linguagem acessível, e ensinando muito, o que justifica sua leitura.

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