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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 6 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Os punhais nas togas Manoel Hygino O apreço pelo latim começava nos cursos médios. Os austeros professores de língua portuguesa, muitos dos quais tinham passado pelos seminários ou pelo Caraça, faziam questão de lembrar as raízes da língua de Camões e Alexandre Herculano. Foi assim comigo, aluno de José Mesquita de Carvalho, nascido em Mariana, o que me ajudou muito no vestibular para ingresso no curso de direito. Lá, fui encontrar o professor Antônio Augusto de Melo Cançado, que era de Pará de Minas, mestre no direito romano e apaixonado pela língua de Cícero. No Brasil, em tempo no qual não se ensinava direito romano, constava de currículo universitário na União Soviética. Daí, a junção de interesses históricos inesgotáveis sobre Roma, sua língua, as que dela descendem e por vultos permanentes que a fizeram ferramenta para seus desígnios. Daí se sentirem as razões que levaram Napoleão Valadares a publicar “Frases da História”. Embora o título seja de “frases”, tem-se muito mais no volume editado este ano e que revela outras faces de Napoleão, nascido em Arinos, no Noroeste mineiro. Formado em direito pela UnB, se valeu do latim em importantes cargos públicos e em outros livros. Nos seus deveres escolares, em especial os universitários, Napoleão foi recolhendo informações e afirmações que mereciam ser preservadas, fundamentando seu mais recente trabalho, valioso em época de menosprezo pela própria língua. As frases recolhidas pelo escritor de Arinos recordará o aprendido em outros estudiosos, inclusive que “Roma deve sua origem a Eneias”, imigrante de Tróia e que Rômulo e Remo, seus netos ou descendentes remotos, foram os fundadores de Roma, como Michael Rostovtzeff consignou. Valendo-se de frases de Oliveira Martins, Suetônio, Allan Massie, Michael Rostovtzeff, Tom Holland e Barry Strauss, Napoleão Valadares resgata os dias e horas finais da vida de César: Cássio já tinha pensado em assassinar César nas margens do Cidno, enquanto andava pela Ásia Menor. Trebônio estivera a ponto de o assassinar também em Narbona, quando da última expedição na Espanha. Décimo Bruto o exortava a não faltar à palavra empenhada aos senadores, que se achavam reunidos e o esperavam desde muito. Os conspiradores não o haviam escolhido (Cícero) para fazer parte do complô. Nos idos (ou 15 de março) do ano 44 a.C, César foi assassinado numa reunião do Senado por um grupo de conspiradores, dos quais Marco e Décimo Bruto e Cássio eram os líderes. Trebônio conversava dissimuladamente com Antônio, apoiava-lhe as queixas contra César, espiando com o olhar inquieto os movimentos da ação. Eram cerca de 60 os homens que o cercaram. Todos haviam puxado punhais de dentro de suas togas. Todos eram conhecidos de César. Casca, por trás de César, ergueu o braço e vibrou-lhe um golpe à nuca – como se faz no matadouro aos bois. O punhal escorregou porque o braço tremia, e foi cair no ombro, ferindo-o levemente. Um dos Cássios feriu-o pelas costas, um pouco abaixo do pescoço. Cassius tentou aplicar um segundo golpe, mas terminou por atingir Brutus em uma das mãos; Minucius Basilus errou seu golpe tendo atingido Rubrius em uma das coxas. Vários conjurados também se feriram ao infligir tantos golpes a um só corpo. De todo modo, César não resistiu ao atentado, como a história e a maioria que frequenta os bancos escolares sabem. O assassinato do grande líder é uma das páginas negras da história, de que se valeu Shakespeare genialmente. Mas, para Michael Parenti, os autores da morte logo se deram conta de que o populacho não os adotaria como heróis. Nenhum sobreviveu por mais de três anos depois de sua morte e nenhum de causa natural.

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