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Mensagem: Dirceu e o passado Manoel Hygino Não houve jeito. Em 17 de maio, por volta das 21h30, o ex-ministro do ex-presidente Lula se apresentou à Polícia Federal, em Curitiba, após o TRF da 4ª Região, o TRF4, negar por unanimidade recurso de sua defesa, de prescrição da pena a que fora condenado. A novela não está encerrada. Poderá ainda haver recurso ao Supremo Tribunal Federal e ao Superior Tribunal de Justiça. E ainda: embargo dos embargos junto ao próprio TRF4. Por enquanto, JD cumpriu pena de oito anos e dez meses pela segunda condenação na Lava Jato. Seu crime, desta vez: recebimento de propina em contrato da Apolo Tubulares, relativo a fornecimento de tubos para a Petrobrás, entre 2009 e 2012. Ele já estivera preso em primeira condenação pela Lava Jato. Conseguiu do STF, porém, que aguardasse o julgamento com monitoramento por tornozeleira eletrônica. Depois, em 2018, foi preso e solto, desta vez pela segunda turma do Supremo, com voto decisivo do ministro Dias Toffoli, hoje presidente da casa. Por onde andam presentemente os sonhos e projetos de José Dirceu, depois da frustração do comunismo e de Cuba e das aventuras desastrosas e desastradas no Palácio do Planalto? Tempo não se recupera, não se resgata, por óbvias razões. Agora, cabe a pergunta que desaba sem resposta: fazer o quê? A época em que José Dirceu e outros contemporâneos quiseram ter nascido ou vivido na ilha também já é passado. Inúmeros cubanos querem que se façam mais distantes. O embargo comercial dos EUA a Cuba, em 1960, é muito pretérito, mas a situação não se extinguiu inteiramente. Foi o desfecho de uma série de retaliações mútuas e crescentes que começou na expropriação por Havana de empresas do Tio Sam. O presidente Eisenhower, em represália, proibiu a exportação para Cuba de toda mercadoria produzida em seu território. Exceção para remédios e artigos cirúrgicos. Washington estava convencida de que enfraqueceria o regime de Fidel, o que – de certo modo – foi verdadeiro. A União Soviética não é mais. Em sua esteira, o suposto poderio de Cuba e Fidel se foram. O próprio comandante partiu, sem viagem de volta. A petulância se desfez, na ilha e nos seguidores fidelistas. Arrumaram a trouxa e voltaram à pátria que haviam desdenhado. Novas tentativas de recomeçar impunham sepultar o passado. Os que tentaram reabilitar-se por vias políticas fracassaram, como Dirceu que se perdeu nos desvios de conduta. A corrupção selou o destino dele e de muitos, é o que se pressupõe. Antônio Rangel Bandeira, um dos insubmissos dos anos rebeldes entre nós, cientista político, após os 35 anos de Fidel, que construiu um Estado policial e transformou a utopia da geração de 68 em pesadelo (para usar a expressão de Alina Revuelta, filha do comandante da revolução), realista, ensina: “devemos lutar, em Cuba e em nossos países, para uma alternativa nova, baseada no primado da tolerância”. Será que a lição será aprendida? No epílogo de seu livro de Memórias, vendido pelo próprio Dirceu – Volume I, ele se expressa sobre os fatos como os vira em 2018: “o inacreditável é o consenso imposto pela mídia em seu discurso anti-PT e anti-Lula, pró-mercado e austeridade, todo ancorado na “luta contra a corrupção” e no apoio às “reformas”. O divórcio e a dissociação entre a mídia, seus editoriais, sua informação dirigida e a realidade são totais. Mais de 90% dos brasileiros não querem Temer, dois terços desaprovam as reformas e há praticamente consenso quanto ao poder usurpado e das urgências de eleições gerais e repactuação do país”. Mas os problemas continuam na ordem do dia.
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