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Mensagem: Eleição na Academia Manoel Hygino Quem se der ao cuidado de ler as orelhas da Revista da Academia Mineira de Letras verá que a entidade foi fundada em Juiz de Fora, em 25 de dezembro de 1909, Natal. A iniciativa partiu de um grupo de intelectuais, no qual pontificavam escritores, jornalistas, profissionais liberais, homens públicos e conceituados militantes da cátedra e dos tribunais. Consolidada a nova sede do governo de Minas em Belo Horizonte, acertou-se sua transferência para cá, o que se deu em 1915. Lá e aqui, sua existência tem sido de lutas para manter-se e a seus ideais, nem se precisa perguntar porquê. De suas dificuldades e dos demais sodalícios estaduais e municipais, podem dizer os que estão em seus quadros. Graças a uma ingente luta, de que somos testemunhas, sobretudo pelo esforço heroico durante longo tempo, do advogado, jornalista e escritor Vivaldi Moreira, procedente da Zona da Mata, no século XX, a AML venceu a façanha. Embora tantos tenham contribuído, coube-lhe o grande feito de conseguir a primeira sede própria na capital, e hoje se acha magnificamente instalada na rua da Bahia, na casa que serviu de residência ao médico Borges da Costa, o pioneiro na prevenção e combate ao câncer nas Américas, a quem se cabem méritos altíssimos, até agora, não suficientemente reconhecidos. Só na primeira semana de abril deste ano, a Academia serviu de palco a dois acontecimentos que muito nos honram: no dia 2, a palestra “A minha relação pessoal e poética com Carlos Drummond de Andrade”, com o escritor português Arnaldo Saraiva, professor emérito da Universidade do Porto, em Portugal. Dois dias após, houve o lançamento do livro “Por que Estudar História”, do professor e acadêmico Caio César Boschi, que fez palestra sobre o tema. A pergunta receberia resposta óbvia, mas os novos tempos que vivemos, com outras preferências e tendências no campo do ensino e do saber, justificam plenamente o título do livro, editado pela PUC e focalizado aqui pelo jornalista Paulo Henrique Silva, no último dia 3. Então, o acadêmico Boschi registrou as vias percorridas pela História nas últimas décadas, no Brasil e no exterior, com a chamada “história do gênero”, que ganha adeptos crescentemente. Observou o escritor: “Temos uma ampliação deste leque, com o Brasil produzindo muito e com qualidade, segundo a avaliação internacional”, destaca Boschi. Entre os títulos lançados estão “Rosa Egipcíaca, uma Santa Africana no Brasil” (Bertrand), de Luiz Mott, e “A Mulher na História do Brasil” (Contexto), de Mary Del Priore. Boschi sublinha que a História não é uma verdade única ou definitiva. “Não há uma versão certa e outra errada. Existem versões, interpretações, tudo no plural. A História está sempre reconsiderando de acordo com o contexto, com a carência de cada um de nós”. Pois no próximo mês, a Academia – na comemoração dos seus 110 anos – realiza eleição para uma nova gestão, sendo candidato único o confrade Rogério Faria Tavares, que já teve sob seus cuidados e gestão outros importantes grêmios, como o BDMG Cultural. Rogério sucede a professora Elizabeth Rennó, que venceu um período de dificuldades inclusive financeiras, mas ainda de divergências internas, que se espera agora se resolvam. Enfim, a Academia veio para ficar e não pode deixar-se vencer. A confreira cumpriu o seu papel, se houve com dedicação e competência, apoiou o aprimoramento dos processos administrativos, e da gestão do acervo bibliográfico e documental. Daqui a pouco, no quinto mês do ano, começa outro tempo.
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