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Mensagem: Um país de prisões Manoel Hygino A prisão de um cidadão na via pública quando, envergando terno completo, se dirigia ao local de trabalho, em plena tarde quente da maior cidade do país, poderia ser classificada como algo extraordinário, inusitado. Mais chamaria mais a atenção, se o brasileiro detido ou preso fosse um ex-presidente da República, saído do exercício do cargo há menos de três meses. Sem entrar em detalhes, que ficam para outra oportunidade e para profissionais da área do Direito e da Política (já em exame da matéria), entro no assunto, que tem interesse nacional. O Brasil vive um momento difícil do ponto de vista político, da ordem institucional, desentendendo-se a cada dia e hora os membros do Ministério Público sobre posições e declarações de ministros do Supremo Tribuna; o chefe do Executivo com o presidente da Câmara dos Deputados; quando integrantes do núcleo familiar se imiscuem em questões que não lhes dizem respeito diretamente; uma espécie de casa de mãe Joana, que não autoriza uma perspectiva saudável. É uma pena! Já tivemos no passado períodos críticos e momentos perigosos que poderiam servir de alerta! Sobre fatos e personagens, de hoje e de antanho, o mineiro Aylê-Salassié Filgueiras Quintão, mineiro da Zona da Mata, jornalista que atua em Brasília, após passar por alguns dos maiores veículos de comunicação do país, Doutor em História Cultural e autor de dez livros que ajudam a compreender este momento, lançou no final do ano findo, “Pinguela, a maldição do vice”, que focaliza o significado e o papel desse personagem na existência deste país. Salassié observa na apresentação: “Nas sombras desse cenário, deparei-me com a figura aparentemente solitária de Michel Temer, vice-presidente da República, um senhor indeciso, porém teimoso, e que se propõe a apenas concluir a transição presidencial de 2014 para 2018, devido ao impedimento da presidente”. O jornalista lembra Fernando Henrique Cardoso, que classificou o governo do vice de “uma pinguela”. Foi quase uma maldição! “Nos 129 anos de República, o vice sempre foi um sujeito emblemático, considerado uma pedra no sapato do Presidente e um entrave ao processo de desenvolvimento e de modernização do país”. Em outro parágrafo, o escritor observa que, “como sempre a História, o vice herdou a administração da máquina do Estado desarrumada, a economia em recessão, o desemprego generalizado, o país em estado conflituoso e a população sem ter em quem acreditar”. É assim? No que tange ao cidadão preso, professor de Direito Constitucional, restaria dizer: “para agravar, Temer encontrou um operação jurídico-policial inquisitória anticorrupção, que assustava e prendia autoridades de Estado em todas as esferas do Poder. Chamava-se, ironicamente, Lava-Jato. Expunha os ranços oligárquicos na política e os protagonistas transgressores emergentes. De tal forma que, fora da operação, cabia apenas indagar se o vice Michel Temer era um ator no ambiente ou uma vítima da História. Tudo coincidia com a chegada das gerações “millennials”, autossuficientes e conectadas digitalmente em uma espécie de parlamento viralizando as angústias pessoais dos cidadãos”. Começa-se, agora, uma nova fase da vida republicana, já estigmatizada por desvios, erros e vícios de múltipla natureza. Este momento grave, tanto quanto a admoestação do livro em questão, suscita a oportunidade de transcrever o final da última capa: “Coloca o dilema de ver Temer como uma vítima da História ou como mais um dos protagonistas do caos. O Brasil teve 35 presidentes, mas só 19 cumpriram integralmente o mandato. Não há país que suporte cenários de tamanha instabilidade”.
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