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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 7 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Arquivos de um Papa Manoel Hygino Francisco, primeiro e único até agora com o nome, despertou a atenção dos cristãos e não-cristãos para problemas, antigos ou mais novos, sobre os quais se mantinha reserva ou sigilo. O prelado de Buenos Aires tem sido ousado em suas manifestações. Como anunciado no último dia 5, ele autorizou a abertura dos arquivos do Vaticano durante o período em que reinou Pio XII, porém acontecerá somente em 2 de março de 2020. Segundo Francisco “a igreja não tem medo da história”. O pontificado de Pio XII se deu de 1939 a 1958 e ele é especificamente criticado por silenciar diante do holocausto e duramente tratado, pessoalmente, com “algum preconceito e exagero”, sob acusação de não protestar contra os crimes do nazismo. Inclusive, por serem em 1943, a poucos metros do Vaticano, 1022 pessoas deportadas para o campo de concentração de Auschwitz, sem contestação pela igreja. Apenas 16 retornaram. Nos dois decênios em que ocupou a cátedra de Pedro, sucedendo a Pio XI, de temperamento fechado, Pio XII opôs-se aos governos totalitários anticristãos da Europa e, principalmente, ao nazismo, e condenou a perseguição aos judeus, mas apoiando Franco na Espanha. Eugênio Pacelli, isto é, Pio XII, foi escolhido para agir de modo distinto ao antecessor, notabilizando-se por sua habilidade diplomática. Pio XI percebeu nele o candidato ideal para suprir suas próprias deficiências. Nomeado secretário de Estado, viajou sobretudo pela Europa, mas estendeu sua missão às Américas, visitando Estados Unidos, Argentina e Brasil, sempre bem sucedido. Condenou as doutrinas totalitárias, exaltando os direitos das grandes tanto quanto das pequenas nações, assim como das minorias raciais. Pregou a cooperação econômica entre os povos e o desarmamento, afirmando que a religião era a garantia única da paz justa e permanente. Os aliados, durante a guerra, desconfiavam de suas simpatias pró-germânicas e pró-italianas. Estava, todavia, profundamente comprometido com o seu papel de líder espiritual de todas as nações e dedicou os primeiros meses de seu pontificado a um esforço desesperado contra a guerra. Em agosto de 1939, discursou: “Nada se perde com a paz; tudo pode perder-se com a guerra”. Para Eamon Duffy, uma vez iniciado o conflito, esforçou-se para não tomar partido, visando promover a paz em toda oportunidade, e para tentar impedir as atrocidades e a desumanidade, não aspergindo água benta nas armas de nenhum dos lados envolvidos. Curiosidades: na Santa Sé desenvolveu o hábito de descer à cripta à noite para rezar entre as tumbas de seus predecessores. Em todas suas fotografias, aparecia em pose de oração, preocupado com o outro mundo. Falava fluentemente o alemão, língua que usava em conversas na intimidade. Embora detestando e desprezando a teoria racial nazista, adorava a música e a cultura alemãs. Convencera-se de que, enquanto Hitler estivesse vivo, a paz negociada seria impossível. Em 1940, assumiu pessoalmente o papel de intermediário entre os aliados e um grupo de militares alemães que conspiravam para assassinar o líder. Dilacerado quanto à moralidade da atitude, ocultou-a mesmo entre os colaboradores mais próximos. Tudo isso pode aparecer na pesquisa dos arquivos, já que nada há a se ocultar ou silenciar.

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