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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 7 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Lições do tempo Manoel Hygino Que país é este? A pergunta - segundo o embaixador Alves de Souza - não foi formulada por De Gaulle. Mas o quesito fica para resposta futura. No último 22 de fevereiro, os jornais de Belo Horizonte registravam que, no dia anterior, cerca de dois mil policiais militares, civis e agentes penitenciários, no início da noite, fecharam a rodovia MG 10 em protesto contra o pagamento do 13º salário em 11 parcelas e, simultaneamente, pela retomada pelo governo de Minas dos repasses ao Instituto de Previdência dos Servidores Militares. O chefe do Executivo apresentou nova proposta, rejeitada pelos policiais e agentes, que liberaram a rodovia, mas com promessa de novas manifestações. A expectativa era grande e aconteceu o que se aguardava, pois - há muito - o funcionalismo mineiro anda de pires na mão para receber o que lhe é devido. Novidade? A situação financeira do Brasil, em 1919, por exemplo, era igualmente dolorosa, e a nação toda reclamava. O presidente Epitácio Pessoa fez um depoimento grave: “Quando assumi o governo, em 1919 (e está fazendo exatamente agora cem anos) era tal o estado do Tesouro que, ao aproximar-se o fim do primeiro mês, verifiquei com terror que não tinha como pagar a tropa e o funcionalismo público”. Nelson Werneck Sodré comenta, aliás, que a terceira década do século XX foi a do tenentismo e assinala o início da derrocada da velha estrutura econômica, aquela que, apesar da Abolição e da República, era simples continuação da que ocorrera na fase colonial. Só isso? E depois? E agora? Observa-se que, a despeito de tudo, não se resolveram ainda problemas essenciais, e não vai nisso pessimismo. Basta fixar-se um pouco nas questões que nos afligem, transformadas em desafios, apesar da evolução em muitos setores da vida brasileira. Para se entender, hoje, o caso da Vale e de seu imenso poder em um estado vocacionado à produção e exportação de minério, ter-se-ia obrigatoriamente de voltar às primeiras décadas do século XX, quando se celebrou o contrato entre a União e a Itabira Iron Ore Co. Muito em divisas vieram e vêm para Minas Gerais, mas faltou - no decorrer do tempo - o cuidado em preservar o território, físico, e vidas humanas. Deu no que está aí, e que ora deploramos. Aliás, poder-se-ia lembrar e refletir sobre Minas Gerais com tanta riqueza e sem recursos para pagar funcionários. O excelente Eduardo Frieiro comentou, com muita propriedade, voltando mais ao passado: “Nos primeiros tempos das descobertas, o ouro brotava em fabulosa abundância, primeiro à flor dos córregos, em lavras de aluvião, fáceis de explorar, e depois em filões e assentadas minerais, que pediam trabalhos mais penosos. O morro do Ouro Preto e o Ribeirão do Carmo, onde se encontravam as mais dadivosas lavras, povoaram-se rapidamente com os milhares de aventureiros que acorriam de todas as partes do Brasil e do Reino. Todos eram movidos por um só pensamento: enriquecer depressa e regressar às suas terras de origem. E depois, como era fácil ganhar e mais fácil ainda gastar, despendia-se tudo por aqui mesmo. Que se apurou, afinal, de tanta fartura, capaz de aplacar a mais veemente auricídia? Nada mais que uma crise de calamidades: anarquia, desordens, violências, miséria e fome. Refletir não custa.

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