Ex-presidente da Câmara, também múltiplo ex-ministro, Aldo Rebelo vem a M. Claros e diz aos produtores: “Se você prejudica a atividade rural, prejudica também a atividade econômica dos municípios, a arrecadação de tributos e os empregos. A pressão que os produtores estão sofrendo precisa ser enfrentada de forma organizada e política”
Segunda 30/06/25 - 9h13
ALDO REBELO DIALOGA COM LIDERANÇAS DO AGRO EM MONTES CLAROS
Encontro entre entidades regionais e o ex-ministro debateu entraves ambientais, infraestrutura hídrica e o atual cenário político no Brasil
Na noite deste domingo (29), lideranças do agronegócio do Norte de Minas reuniram-se com o ex-ministro Aldo Rebelo, em Montes Claros, para discutir os desafios enfrentados pelo setor e propor estratégias para o fortalecimento da agropecuária regional. O encontro contou com representantes da Sociedade Rural, Sicoob Credinor, Abanorte, Aspronorte, Sindicato dos Produtores Rurais e da ACGC (Associação dos Criadores de Gado de Corte do Norte de Minas).
A pauta girou em torno de questões estruturais como a lentidão e as dificuldades nos processos de licenciamento ambiental, a escassez de infraestrutura hídrica, as barreiras ao crédito produtivo e o aumento das fiscalizações e embargos por parte de órgãos ambientais. Fatores que comprometem não apenas o desempenho do setor, mas também o desenvolvimento econômico dos municípios da região.
Temas estratégicos foram apresentados por diferentes lideranças. Flávio Oliveira, presidente da Sociedade Rural de Montes Claros e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Verde Grande, ressaltou a urgência da construção da barragem de Congonhas, fundamental para garantir segurança hídrica e ampliar a capacidade produtiva do território.
Representando a Aspronorte, Astério Itabayana Neto e Rodolpho Rebelo destacaram os entraves na regularização fundiária e ambiental, com ênfase nas dificuldades enfrentadas junto à Secretaria de Patrimônio da União (SPU), como exigências excessivas, morosidade nos processos e insegurança jurídica.
Esses fatores, segundo eles, travam investimentos e dificultam o acesso ao crédito por parte dos produtores. Alexandre Rocha, por sua vez, abordou os desafios dos produtores da região da Mata Atlântica, que enfrentam conflitos gerados por legislações ambientais sobrepostas que inviabilizam a expansão da produção.
José Moacyr Basso, representante da ACGC, alertou para os impactos da burocracia nos processos de licenciamento ambiental para confinamentos bovinos, destacando que a lentidão atual compromete a competitividade da pecuária regional.
Também participaram da reunião os diretores Rômulo L’Abatte, José Henrique Veloso, Danilo Colares e Lucas Colares, além do Presidente da Credinor, Dario Colares, e os diretores, administrativo, Alexandre Viana e de Riscos, Érique Morais de Barros, reforçando o alinhamento das cooperativas de crédito com as pautas prioritárias do setor.
Durante o encontro, Aldo Rebelo propôs que as entidades elaborem, ainda este ano, um dossiê técnico contendo dados econômicos e propostas legislativas para subsidiar a criação de uma agenda conjunta a ser levada à Assembleia Legislativa de Minas Gerais e ao Congresso Nacional.
“O que está acontecendo aqui é parte de uma ofensiva que vem de dentro do Estado, mas também de fora dele.
Multas, embargos e autuações estão sendo aplicadas com rigor sobre pequenos e médios produtores, enquanto falta equilíbrio nas decisões.
Isso precisa ser contido com união e firmeza institucional”, afirmou Aldo Rebelo.
Com longa trajetória na vida pública — tendo atuado como ministro da Defesa, da Ciência e Tecnologia, do Esporte e das Relações Institucionais, além de ter presidido a Câmara dos Deputados — Aldo foi recebido com atenção pelas lideranças presentes.
Seu discurso, de viés nacionalista e crítico à atuação excessiva de ONGs e órgãos ambientais, encontrou forte ressonância entre os produtores.
“Se você prejudica a atividade rural, prejudica também a atividade econômica dos municípios, a arrecadação de tributos e os empregos.
A pressão que os produtores estão sofrendo precisa ser enfrentada de forma organizada e política”, declarou o ex-ministro, ao destacar a importância da articulação entre entidades de classe, prefeituras, câmaras municipais, deputados estaduais, federais e senadores.
Para Flávio Oliveira, “a presença de Aldo aqui mostra que o agro do Norte de Minas não está isolado. Temos história, representatividade e vamos fazer valer nossa voz”.
Já José Moacyr Basso concluiu: “Ao final da reunião, ficou claro que o Norte de Minas não quer favores. Quer condições de competir, produzir e crescer — com justiça, segurança jurídica e respeito a quem trabalha pela alimentação do país.”