Mercado esperava crescimento de 2,2%, mas PIB brasileiro em 2022 alcançou 2,9% - divulga o IBGE. Liderança veio do setor de serviços
Quinta 02/03/23 - 9h44
O PIB, que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no país, totalizou R$ 9,9 trilhões em valores correntes, com R$ 2,6 trilhões apenas no quarto trimestre. O PIB per capita teve um avanço real de 2,2% em relação ao ano anterior, atingindo R$ 46.155.
O setor de serviços apresentou o maior crescimento em 2022, com 4,2%, sendo responsável por 2,4 pontos percentuais do crescimento total do PIB. Já o setor industrial teve um crescimento de 1,6%, enquanto a agropecuária registrou uma queda de 1,7%. Em conjunto, os setores de serviços e indústria representam cerca de 90% do indicador do PIB.
Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, o setor de serviços teve a maior contribuição na economia brasileira em 2022, o que pode ser um indicativo da sua importância para a retomada do crescimento econômico do país.
***
Desaceleração do PIB em 2022 sugere crescimento modesto em 2023
Ministério da Fazenda comentou alta de 2,9% do PIB
A desaceleração da economia brasileira em 2022 sugere um ritmo mais modesto de crescimento neste ano. É o que avalia a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, em nota divulgada após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentar o resultado anual do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país.
Nesta quinta-feira (2), o IBGE informou que o PIB recuou 0,2% no quarto trimestre de 2022. No ano, houve crescimento de 2,9%, contra 5%, em 2021.
“A desaceleração acentuada do ritmo de crescimento em 2022, com retração já observada no último trimestre, repercute, sobretudo, a reduzida liquidez no ambiente externo e o ciclo contracionista da política monetária [aumentos da taxa básica de juros, a Selic]”, diz a nota da SPE.
A SPE acrescenta que o “aumento dos juros somado à inadimplência crescente dificultou a tomada de crédito e os investimentos produtivos, levando à retração da atividade industrial”. “Esse cenário foi parcialmente contrabalanceado pelo setor de serviços, estimulado por reajustes nos valores do programa de transferência de renda, liberação do FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço] e pelo crescimento da massa salarial ao longo do ano”, destacou.
A secretaria diz ainda que o crescimento das exportações, repercutindo principalmente o aumento nos preços das commodities (produtos primários com cotação internacional), também colaborou positivamente.
Perspectiva
No curto prazo, a expectativa é de recuperação da atividade econômica, impulsionada pela previsão do IBGE de crescimento de 14,7% para a produção de grãos em 2023.
“Apesar do alto endividamento das famílias, a dinâmica positiva que segue sendo verificada no mercado de trabalho, a valorização real do salário mínimo e o aumento da faixa de isenção do IRPF [Imposto de Renda da Pessoa Física] também devem contribuir para a atividade nos primeiros meses desse ano”, acrescentou a SPE.
Em contrapartida, a secretaria cita como fator negativo para o crescimento econômico os juros básicos, atualmente em 13,75% ao ano, o maior patamar desde janeiro de 2017.
“Como consequência das elevadas taxas de juros, observa-se trajetória ascendente para os spreads [diferença entre taxa de captação dos recursos pelos bancos e a cobrada dos clientes] e para o custo de crédito, além de desaceleração acentuada nas concessões de crédito”, destaca.
Para a SPE, o setor externo pode ser outro fator de desaceleração, a depender do ritmo de arrefecimento da atividade global em função do ciclo de aperto monetário nas economias centrais, com destaque para os Estados Unidos e países da Europa.
Nível da Selic
Integrantes do governo tem criticado o atual nível da taxa Selic, que dificulta o crescimento econômico. Hoje, a ministra Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, reforçou esse discurso ao dizer que o governo tem feito o seu “dever de casa” e, por isso, espera “um gesto positivo”, não de generosidade, na próxima reunião do Comitê de Polícia Monetária (Copom) do BC, responsável por definir a Selic. (Por Kelly Oliveira – repórter da Agência Brasil)