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Mensagem: A crise não termina Manoel Hygino A vida e maneira de ser dos homens que fazem política ou exercem a administração pública se tornaram muito mais abertas. Dentre outros fatores, surgiram os meios de comunicação eletrônicos, que põem a notícia à disposição do cidadão com velocidade, incrível em tempos pretéritos. E o pior: quando não se sabe, ou não se consegue saber, inventa-se. Quando se observam, hoje, os apertos pelos quais passam os governadores que assumiram em janeiro, lembramos o alvorecer da República, principalmente depois que Deodoro deu o golpe e Floriano Peixoto assumiu. Dias amargos. Situação financeira dificílima, a que se enfrentava em Minas Gerais. Foi um quadro tenebroso quando Silviano Brandão subiu as escadas do Palácio da Liberdade. Todos os recursos possíveis foram utilizados para amenizar o quadro quase caótico. Corte generalizado de despesas, fechamento de escolas e outros estabelecimentos e demissão de funcionários. Conta-se que o presidente de Minas, consternado, assinava os atos chorando, mas o fazia consciente de que era imprescindível. As dores e dramas de hoje vêm de longe, portanto. Silviano tentou empréstimos, mas a crise não conduzia a êxito seus pleitos. Apelou até à Morro Velho e os ingleses foram sensíveis, estenderam as mãos, embora a ajuda fosse insuficiente. O imposto territorial foi reformado e deu uma mãozinha. A força mais expressiva estava no campo, mas os fazendeiros reclamavam e queriam até fundar um partido “para defesa de seus interesses”. Conta-se que Silviano cogitou até de juntar seus pertences e abandonar o Palácio. Silviano Brandão era médico e, quando chamado, não se negava a atender o cliente. Apanhava os apetrechos da profissão, e, a cavalo, ia até o paciente. Indicado candidato a vice-presidente da República, na chapa de Rodrigues Alves, quase não pôde ir ao banquete no Rio de Janeiro para ouvir o plano de governo – a célebre plataforma. Não possuía casaca, como destaca João Camilo, nem dinheiro para a viagem à então capital brasileira. A imprensa de oposição, mais tarde, nada lhe perdoava. Quem ler hoje, por exemplo, a lei nº 318, de 16 de setembro de1901, ficará espantado. Vejam: suprimia-se a Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, suspendiam-se todas as escolas normais com os professores recebendo metade dos salários, extinguia-se o externato do ginásio de Barbacena, reorganizando-se a escola de farmácia, “ficando os lentes, cujas cadeiras foram suprimidas, com direito à metade dos vencimentos”, como se designava a remuneração. Pelo artigo 12: eliminavam-se os cargos de “delegado auxiliar do chefe de Polícia e de inspetores extraordinários de instrução pública”. E havia muito mais: Acabava-se uma das varas de direito da comarca de Juiz de Fora, assim como se terminava com a colônia correcional de Bom Despacho. As disposições sobre os funcionários, inclusive dispensa, redução dos salários e muito mais viriam à frente. Daniel de Carvalho, que também fez política, recorda que Silviano enfrentou a situação calamitosa das finanças estaduais com mão dura e firme. Mutatis mutandis, transformou-se em situação que se repetiu nas gestões posteriores e que o atual governador enfrenta, em meio à reclamação generalizada, a começar pelo funcionalismo público, inclusive dos componentes da Polícia Militar, pelo atraso de pagamento de salários e do 13º.
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