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Mensagem: E antes da Vale... Manoel Hygino O começo mais distante faz agora 100 anos. No momento em que a Vale se encontra sob foco de holofotes e da opinião pública, registra-se que, a partir principalmente de 1919, se discutiu a questão da concessão das minas de minério de ferro de Itabira ao grupo chefiado por Percival Farquhar, astuto e poderoso. Ao que tudo leva a crer, foi o primeiro episódio da luta nacionalista no Brasil. Não havia técnicos e capitais para a exploração; Tão pouco os brasileiros apoiavam a transferência das jazidas a um grupo estrangeiro. Importantes vultos da política e do empresariado achavam que não se poderia abrir mão de recursos tão altos resultantes da atividade minerária. O governo mineiro, sob Bernardes, não concordava com o contrato a ser firmado com a Itabira Iron, de Percival, principal interessado na exploração minerária. Minas Gerais temia que a empresa ampliasse exageradamente o volume de exportações e monopolizasse o mercado interno, impondo preços muito elevados, que redundariam na monopolização. A Itabira se comprometeu a proceder de modo contrário ao que se propalava. Bernardes era duro e o demonstrou naquele período, à suficiência. Assinado o contrato da Itabira Iron com o governo federal, o presidente brasileiro fez questão de incluir em projeto de lei, transformado em lei de 21 de setembro de 1820, um artigo, que obrigava a Itabira, ou outra empresa, à construção de uma ou mais usinas siderúrgicas no território do Estado, com capacidade mínima de 150 mil toneladas de produção anual de ferro e aço. Mais: as indústrias ficavam isentas de impostos estaduais. Bernardes insistiu na siderurgia. Advertiu: “Cumpre, por isso, não nos seduza, em matéria de tamanha gravidade, a glória efêmera de realizar apressadamente uma obra grandiosa na opinião comum. Devemos examinar o problema com calma e resolvê-lo de modo a atender aos interesses permanentes da Pátria”. Epitácio Pessoa esclareceu: “Em verdade, o presidente Bernardes era sinceramente contrário à saída dos minérios para as usinas estrangeiras”, se pretendendo exportar apenas parte da produção. Um item: Raul Soares, governante mineiro por exemplo, não admitia a Vitória a Minas, ferrovia, para uso somente de minérios; queria-a para tráfego público. A Vale do Rio Doce, controlada pelo governo, se limitaria a extrair minérios e exportá-los, sem cuidar de siderurgia. O tempo não para. Em 1942, com empréstimos do EximBank, durante o Estado Novo de Vargas, a União criou a Vale do Rio Doce, para exploração de minério, comprando os direitos de propriedade da Itabira e objetivando construir a usina de Volta Redonda, para siderurgia, como Bernardes desejara. A última iniciativa de Farquhar foi a criação, entre 1946 e 1950, da Acesita, cujo controle passou ao Banco do Brasil em 1952. No ano seguinte, morreu. Na gestão Fernando Henrique, no século seguinte, a Vale foi vendida a grupo particular. O mais a gente está vendo aí, até chegar a Brumadinho, cujos prejuízos à nação e a Minas Gerais não podem sequer ser avaliados com segurança. O Brasil, o estado, os brasileiros, saímos perdendo. É bom ficar-se atento aos estudos de nossas entidades públicas, sem esquecer as preocupações das empresariais. O quadro é deveras delicado. O Estado terá que lidar com as consequências econômicas da queda de produção de minério de ferro da Vale. Segundo um estudo realizado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), a redução da produção da Vale no Estado pode retirar R$ 23,3 bilhões da economia de Minas só em receita industrial. Isso equivale a 4,2% do PIB do Estado em 2018 (R$ 560 bilhões).
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