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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 7 de novembro de 2024
 

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Mensagem: DE TRAGÉDIAS E SINOS QUE DOBRAM Era uma vida pacata. No entorno, a paz. A paz da natureza belíssima, do murmúrio das águas, do gado pastando, das galinhas ciscando, dos gritos dos soins... Aquele verde que acalma e traz o deslumbramento da obra perfeita do Criador. Por perto, a grandeza da arte, a hospitalidade e a bondade de um povo simples e trabalhador. Aquela vida de vizinhos amigos, comadres que trocam receitas, utensílios e temperos e se encontram ao redor do fogão de lenha ou nos banquinhos em frente das casas. De repente, porém, o monstro adormecido abre sua bocarra medonha e vai engolindo o que encontra pela frente. Na gula desmedida não perdoa gente, nem moradias, nem águas, nem bichos... A tudo destrói e no seu rastro a morte, o lamento, o choro e o ranger de dentes... Ninguém para abater aquele monstro? Já não bastava a beleza das serras destruída? Filho do satanás da ganância e da ambição desmedidas de homens que criaram o monstro, homens sem piedade, sem misericórdia, cegos pelos próprios demônios que vivem dentro deles mesmos, apenas projetando-os fora de si. Homens vazios de Amor. Aquela dor incomensurável sacudiu um país inteiro. Galvanizou as pessoas que, num choro convulsivo, levantaram-se a pedir justiça. Mas, será que existe realmente justiça humana no planeta Terra? As tragédias se sucederam e as lágrimas não conseguiram secar... Os peitos arfavam diante da dor e do medo. Dormir passou a ser algo difícil. A impressão que todos tinham é que a noite e a tempestade de suas vidas eram intermináveis. Mas, existe algo que o ser humano comum carrega dentro de si e que o faz sobreviver às guerras, às catástrofes, às desgraças de qualquer ordem: a Esperança e a Fé. Assim, re- constroem o que foi destruído. Há feridas, porém, que nunca cicatrizam, há traumas que nunca se curam... Entretanto, nada é desculpa para o Crime. A paz só pode voltar às nossas vidas quando os crimes são punidos. Estamos tristes e mais pobres. Pelas centenas de vidas que se foram, pela natureza corrompida em sua pujança, pelos sonhos estraçalhados daqueles meninos, por uma voz importante que se calou... E, agora? É a pergunta que todos se fazem. E essa sede e essa fome? O homem deve ter direito à Vida, vida plena. A natureza deve viver na sua exuberância, sem ameaças ou ataques. Os sonhos devem se tornar realidade. Uma voz lúcida deve poder gritar. Não temos controle sobre os fatos inexoráveis da vida. Porém, temos controle, sim, sobre certo grau de segurança e paz. Não zelar por isso é crime, é injustiça que clama aos céus. Quando o Homem vai aprender? Por que a gente sofre pela dor do Outro? Por que nos comovemos diante da tristeza de outrem, do sofrimento dos bichinhos e da Natureza? Porque somos uma só família: a família humana. Porque Natureza e nós somos uma coisa só. Todos somos Um. Aquilo que atinge a um atinge a todos. Bobagem pensar o contrário. Pobres daqueles que vivem como se isso não fosse uma verdade gritante! Lembremo-nos das palavras de John Donne: “Nenhum homem é uma ilha, completa em si mesma; todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme. A morte de qualquer homem diminui a mim, porque na humanidade me encontro envolvido; por isso, nunca mandes perguntar por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”. E eu digo mais: quando natureza, homens e bichos morrem, eu também morro com eles. Maria Luiza Silveira Teles (membro da Academia Montes-clarense de Letras)

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