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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 7 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Se armas resolvem Manoel Hygino A despeito das sucessivas notícias, oficiais ou não, com relação à adoção de medidas que visem a pelo menos amainar o clima de violência no país, ela resiste. Nem vou referir-me ao caso do Ceará que demonstra inequivocadamente a disposição de enfrentamento e obsessão de poderosos grupos criminosos, formados em organizações dentro dos presídios e comandam operações em todo o território. Se a temperatura dos oceanos em 2018 foi a mais alta já registrada nos últimos 60 anos, consoante a tendência de aquecimento registrada no último quinquênio, o mesmo praticamente se pode dizer em relação aos ânimos no país, pois os índices de criminalidade se mantêm em patamares altíssimos. Reclama-se dos altos preços de medicamentos, da falta de alguns deles nos hospitais ou farmácias públicas, mas não se ouvem críticas sobre o custo de armas de fogo nas lojas do ramo. O governo flexibilizou a posse de armas como uma das principais promessas da campanha política. Retirou-se a prerrogativa de a Polícia Federal analisar se o cidadão tem necessidade efetiva de uma garrucha, uma pistola, de um revólver. Há ainda outras mais sofisticadas armas, que se pode comprar com a ajuda fundamental do contrabando. Existe um comércio pujante dessas mercadorias. Assim como as temperaturas mais elevadas causam a expansão térmica da água salgada e aumento do nível do mar, parece que as medidas adotadas até aqui, embora bem intencionadas, não produzirão os resultados esperados. Rogo que me engane. Tenho lido a respeito a fim de melhor me orientar. Jornal de Belo Horizonte, por exemplo, no último domingo, informava que, em busca de proteção, profissionais liberais entre 25 e 40 anos vêm procurando lojas e autoridades visando aquisição de armas de fogo. São pessoas que procuram meios de defender-se, diante da falência ou ineficiência do poder público em defendê-las da avalanche do crime. Estamos, assim, preparando novos integrantes para os clubes de morte. Em seu 29º Relatório Mundial, a Human Rigths Watch, ONG de defesa dos direitos humanos, afirma que o Brasil precisa combater a violência dentro de marcos legais, criticando propostas de estimular a facilitação de posse de armas, como exposto em decreto. A organização, em 674 páginas, condena a violência contra a mulher, que se transformou numa espécie de epidemia, e ainda: que não são investigadas devidamente milhões de agressões, de maneira que os responsáveis não são identificados e processados. No fim de 2017, havia mais de 1,2 milhão de casos dependendo dos tribunais. Finalmente, José Miguel Vivanco, diretor da entidade para as Américas, resume: o discurso “populista e autocrático, identificado no Brasil, Estados Unidos e Rússia é sustentado pela indignação da sociedade com a classe política”. No Brasil, outros fatores se somam à onda autocrática: “escândalos de corrupção, investigados pela Lava Jato, o aumento do crime organizado e a recessão, que conduz ao desemprego”. O senador Cristovam Buarque, contudo, diz mais: “nada indica que o armamentismo vai reduzir a violência, e tudo indica que vai trazer mais consequências negativas. Precisamos de polícia armada para nos defender, não de nos armarmos para reagir”.

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