Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.
Clique aqui para exibir os comentários
Os dados aqui preenchidos serão exibidos. Todos os campos são obrigatórios
Mensagem: Inteligência e Cultura Em bate-papo informal com alguns amigos, em Montes Claros, em um sábado de descontração, conversarmos sobre a inteligência e a cul¬tura, analisando, as vezes de forma indiscreta, algumas figuras de aparente importância que integram a vida sociocultural dessa nossa vasta região. Levando em consideração que inteligência é tão somente aptidão para compreensão, penetração de espírito, percepção clara e fácil, enquanto a cultura é o desen¬volvimento que se dá, por cuidados assíduos às faculdades naturais, procuramos definir o alcance objetivo de reais ou simplesmente externados conhecimentos dos integrantes da chamada cúpula cultural. No vai-e-vem da conversa foram destacados nomes de real valor, detentores de uma considerável erudição, outros simplesmente inteligentes, portanto, possuidores de capacidade para se tornarem cultos. Foram lembrados alguns dotados de inteligência com cultura de vitrine, capazes de decorar textos literários de famosos autores, para declamá-los no curso das conversas, com imponência desprovida de autenticidade, mas com capacidade para impressionar os incautos. Os grandes sábios são simples; não carecem da necessidade exibicionista de seus reais conhecimentos. Eles os externam no momento oportuno, em uma simples frase complementar de uma conversa ou nos trabalhos literários ou científicos que publicam. Já em casa, algum tempo depois, lembrei-me do conto “A Menina e o Velho Marujo”, de Malba Tahan. Veio-me a dedução de que são muitos os que se acham iludidos quando julgam conhecer o que efetivamente não conhecem. Malba Tahan informa, em seu conto, que uma menina, que residia no interior do país, desejava muito conhecer o mar. Levada por sua família ao litoral, dirigiu-se a uma praia e, depois de admirar deslumbrada, por muito tempo, as vagas que se desmanchavam tranquilas em espumas sobre a areia, voltou ao hotel e, entrando na sala de visitas disse, alegre, aos que ali estavam: ─ Já conheço o mar! Entre os circunstantes havia um velho capitão de navio, que atravessara diversos oceanos, lutando com violentas tempestades, e vira de perto o horror das procelas marítimas. Logo que a menina afirmou satisfeitíssima que conhecia o mar, o velho comandante, acariciando-a disse: ─ Eu também, menina; eu também o conheço. Nas duas afirmativas, embora ambos conhecessem o mar, havia uma grande diferença, no sentido real de tal conhecimento. Conhecer não é apenas ver. Conhecer é ter uma ideia justa e completa do objeto de conhecimento, que somente o capitão tinha. Preocupa-nos, hoje, a proliferação de cursos de ensino superior, de onde poderão sair profissionais despreparados para as grandes responsabilidades sociais de suas atividades. O despreparo, contudo, nasce no Ensino Fundamental, feito por muitos a toque de caixa, objetivando alcançar a faculdade. Não será, contudo, na faculdade que se efetivará o aprimoramento cultural, necessário aos embates da vida. A base tem que estar pronta, preparada desde o primeiro grau e completada no segundo. No terceiro ocorrerá tão somente a profissionalização. Muitos pro¬fissionais assim formados serão apenas conhecedores do mar, como a menina do conto.
Trocar letrasDigite as letras que aparecem na imagem acima