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Mensagem: CODINOME Numa viagem de trem pra Montes Claros, nos idos de 50, um experiente representante boticário, há muito conhecido por Zé das Pílulas, alertava o seu novo e sisudo parceiro de propagandas farmacêuticas: - Colega, com o povo do sertão é bom você tomar cuidado. Difícil é um visitante sair dessa terrinha sem ganhar um apelido. Fonseca, sistemático, já sabedor dos tremendos apelidos que lá existiam, tais como, Manoel Quatrocentos, Dô Meu Fã, Bem-Pau-Véi, Quinhento Pro Cadáver, Alalaô, ô, ô, ô, ô, ô, ô!, Mói de Ferro, Monzeca e mais centenas de outros, prometeu que não iria carregar alcunha alguma. Amuado, apostou com o parceiro que ficaria na cidade, faria as visitas aos médicos e retornaria a Belo horizonte com o seu nome, Antenor Fonseca, impecável. Chegou calado no hotel São José, em frente à praça Coronel, não deu papo ao recepcionista, preencheu, em silêncio, a ficha de hóspede, pegou a chave e instalou-se num quarto no último andar. Para não dar motivo a falatórios e manter a discrição, determinou que deixassem suas refeições à porta do quarto, a fim de evitar contato com algum metido a engraçadinho. Metódico e curioso, a toda hora abria a janelinha do seu minúsculo quarto, punha a cabeça pra fora, espiava a praça, de um lado e de outro, via o movimento e fechava-a em seguida. Passados os quatro dias de visitas programadas, satisfeito por não ter dado papo a desaforados e certo de que não carregaria nenhum apelido daquela poeirenta cidade, resolveu ir até a praça para engraxar os sapatos, pois, logo mais tarde, pegaria o trem de volta pra Belo Horizonte. Deu sua ultima espiadinha pela janela e desceu. Ao sentar-se na cadeira, ouviu do engraxate, sorridente: - Graxa e lustro, né, seu ´Cuco´? Já estava apelidado e mal sabia.
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