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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 14 de novembro de 2024
 

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Mensagem: ENCONTRO FATAL Hoje, mais uma vez, assisti ao extraordinário filme “Lendas da Paixão”, com Brad Pitt e Anthony Hopkins. E, como sempre, me emocionei e chorei. Resolvi, então, perguntar-me porque choramos em cenas em que algum dos personagens morre, assim como choramos quando perdemos algum ente querido. Diante do filme choramos por empatia, isto é, olhamos a cena como realidade, mesmo conscientes de que é ficção, e nos transportamos para as situações reais diante da probabilidade de perder alguém querido ou nos lembramos de quando isso já aconteceu. Bem, até aí, nada de novo. Entretanto, examinando o meu interior, com extrema sinceridade e realidade, descobri que, diante da morte, choramos mais por nós mesmos. Choramos diante de nossa própria morte iminente. Choramos porque sabemos que iremos embora, sem saber quando nem como, e muitos sonhos morrerão conosco. Como dizia o grande poeta John Donne: “Não pergunte por quem os sinos dobram. Eles dobram por você”. Mesmo acreditando na eternidade de nossa essência, sabemos que não teremos tempo para realizar tudo que sonhamos algum dia. Um livro ficará sem ser escrito ou inacabado. Não leremos tantas das obras que guardamos para a velhice. Não terminaremos aquele quadro, aquela sinfonia ou aquele poema. Não faremos aquela visita que pretendíamos ou aquele encontro de velhos amigos. Nem tampouco escreveremos aquela mensagem para alguém que amamos. Bobamente, as tarefas ficarão inacabadas, o lugar na mesa vazio, as roupas inutilmente dependuradas no armário e os chapéus no cabideiro. Percebo, com tristeza, que o cenário de minha vida, como numa peça teatral, vai aos poucos se modificando até que caia o pano final. Meus velhos amigos, um a um, estão indo embora. Meus pais se foram, meu filho, companheiros, ex-namorados, professores, colegas de trabalho, ex-alunos, pessoas proeminentes no tempo de minha juventude e maturidade. Um dia, um meu irmão e eu fomos ao cemitério visitar o túmulo de nossos pais. Lá nos perdemos e eu, já cansada de tanto andar, sentei-me em um túmulo, enquanto meu irmão ia à Secretaria do Cemitério para saber onde ficava a dita sepultura. Esperando por ele e tentando esconder-me do sol, virei-me e dei de cara com a inscrição do túmulo: era de um ex-aluno que eu nem sabia que tinha morrido. Choquei-me e, refeita, fiz uma prece por ele. Geralmente, nos velórios, as pessoas se abraçam com efusão, conversam bastante e contam anedotas e piadas. Tudo por quê? Para esquecerem que, breve, serão elas que estarão ali no caixão. Choramos por nós mesmos. Porque sabemos que não podemos voltar atrás e consertar os nossos erros. Não teremos condições mais de pedir perdão àqueles que ferimos e que já se foram. Mesmo com o corpo físico já envelhecido, sem a energia, nem a elegância e a beleza da juventude, nossa alma ainda tem a mesma necessidade de amar e ser amado e de sonhar. Entretanto, em qualquer esquina da vida, inesperadamente e inexoravelmente, esbarraremos nela num encontro talvez previamente marcado. Ela que marcará o fim de uma bela viagem. Nessa viagem fizemos relacionamentos cujo amor e cuja ligação serão eternos, mas não temos a certeza de que com eles voltaremos a nos encontrar . É como quando fazemos uma excursão com aquele bando de gente. Dentre esses alguns se tornarão nossos amigos. Lá, durante a viagem, faremos tudo juntos. Iremos juntos para a praia, jogaremos juntos partidas de baralho, iremos juntos ao cinema, ao barzinho, e teremos papos gostosos e intermináveis. Um dia, a viagem acaba e nos despedimos emocionados, jurando que nossa amizade será para sempre e que voltaremos a nos encontrar. A lembrança fica. Entretanto, muitas vezes as circunstâncias de nossas vidas nos separam e nunca nos reencontramos. Com diz e canta Oswaldo Montenegro em sua bela canção “A Lista”: Faça uma lista de grandes amigos / Quem você mais via há dez anos atrás / Quantos você ainda vê todo dia / Quantos você já não encontra mais”. Pois é... Como no filme, da mesma forma que o Ariston (Brad Pitt), cansei-me de enterrar meus mortos. Mas, não posso nem quero sumir como ele pelo mundo. Quero ficar aqui nessa terra que não foi meu berço, mas que me acolheu, e será, decerto, meu túmulo. Maria Luiza Silveira Teles (presidente da AML)

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