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Mensagem: Trabalho e inadimplência Manoel Hygino As televisões e rádios no último sábado, referendadas pelos jornais do dia seguinte, davam uma boa notícia: o saldo de vagas formais no mercado de trabalho no país em abril, fora o melhor desde 2013. Haviam sido criados 129,6 mil postos, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged. Em compensação, o salário médio caiu. Segundo o IBGE, o Brasil tinha 13,4 milhões de desempregados, como publicado em 25 de maio. No dia 16, o próprio Instituto mostrava que 5,2 milhões de desempregados procuravam emprego há mais de um ano, representando 38,9% do total. Os pormenores viriam em seguida: desse número de pessoas na fila do desemprego, 3,3 milhões (24,8%) estavam desocupadas há doi anos ou mais, uma alta de 9,8% na comparação do primeiro trimestre de 2018. Ainda segundo o IBGE, 6 milhões de pessoas (45,4%) buscavam um emprego há mais de um mês e a menos de um ano, e 2,1 milhões estavam na fila do desemprego há menos de um mês. A taxa média de desemprego no país no primeiro trimestre subiu para 12,7%, atingindo 13,4 milhões de pessoas. Trata-se do maior índice de desocupação desde o trimestre terminado em maio de 2019. Os números e percentuais explicavam as demais notícias: a inadimplência crescera 2% em abril na comparação com o mesmo período do ano passado, como informaram a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O número indicava que a inadimplência seguirá a desaceleração iniciada em novembro passado, quando a variação fora de 6%. Ainda assim, o Brasil encerrou abril com cerca de 62,6 milhões de inadimplentes – o que equivale a mais de 40% da população adulta. O volume de dívidas em nome de pessoas físicas caiu 1,23% em abril, em comparação com o mesmo período do ano passado. É o quarto mês seguido de recuo no indicador de inadimplência. A maior parte das pendências (52%) está ligada aos bancos. Em seguida aparecem os segmentos do comércio (17%), de comunicações (12%) e de água e luz (10%). O maior índice de inadimplentes tem entre 30 e 39 anos. Em princípio, o brasileiro não está tomando consciência de seus deveres, tem medo. Se não quitar seus débitos, o cidadão pode até ficar sem luz e água, porque seu crédito já arruinou. Trabalho é imprescindível e urgente. Aliás, a Fundação Perseu Abramo, há poucos dias, comentou: “Quando da tramitação da reforma trabalhista, o governo afirmou com todas as letras que, se aprovada fosse, geraria seis milhões de empregos. A realidade é que, um ano depois, o país está precarizando cada vez mais seu mercado de trabalho, pois a reforma não foi capaz de fazer o país retomar o crescimento econômico. E, com um mercado de trabalho cada vez mais precarizado, não há quem consuma”. Pessoalmente, não creio que as simples manifestações em favor do governo federal, como se viu no domingo, irão resolver o problema, que já é crucial. Exigem-se outras saídas. Chegou a hora de um esforço nacional, de todos os setores e cidadãos para vencer a crise (palavrinha terrível de apenas cinco letras), que não dá sossego a cada brasileiro e à população em geral. A aflição já bate às portas de inúmeros lares e nossos males não se resumem às ameaçadas barragens da Vale do Rio Doce, principalmente em Minas Gerais.
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