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Mensagem: A chuva e a bolha Manoel Hygino As previsões da meteorologia não eram das melhores para o último fim de semana de setembro. O calor absurdo, abmudo e abcego, incomodava e maltratava, principalmente os obrigados a trabalho sob sol. No Norte mineiro, as temperaturas vararam de 33 a 36 graus, mas no restante do Estado a situação não era mais agradável, mesmo se aguardando ansiosamente a anunciada chuva única na segunda-feira, dia 1º, já outubro. Por curiosidade, na quinta-feira, dia 26, morrera no Rio de Janeiro o compositor Tito Madi, autor do apreciado “Chove lá fora”. Não choveu. Em Montes Claros, maior cidade do sertão mineiro, terminara o racionamento de água, que pôs à prova a população anos seguidos. José Ponciano Neto, técnico em meio ambiente e recursos hídricos, saudou a plataforma pluviométrica de tecnologia avançada para garantir o controle da vazão ecológica do rio Pacuí, a primeira de tantas outras. Boa notícia, mas o sol continuou inclemente enquanto os dias passavam. Também o ambiente político borbulhava de calor e de troca de acusações entre candidatos. Levantavam-se suspeições sobre eles e seus apoiadores, enquanto a Veja despejava insinuações sobre Bolsonaro formuladas por ex-esposa. Enfim, um baixo nível como só acontece nestas guerras pelo poder. Não se omitirá com relação a Donald Trump, cuja campanha era reeditada com alusão a assédios sexuais envolvendo o próprio presidente. Os fatos despertam para o discurso de despedida de Barack Obama, o primeiro negro norte-americano a ocupar a Casa Branca. Com desembaraço, ele analisou seu quatriênio: “afinal, se todo problema econômico é apresentado como uma luta entre uma classe média branca que trabalha arduamente e minorias que não são merecedoras, então trabalhadores de todas as cores serão relegados a disputar as sobras, enquanto os ricos se retiram ainda mais para dentro de seu enclaves privados. Se nos negarmos a investir nos filhos – porque essas crianças morenas vão representar uma parcela maior da força de trabalho na América? E nossa economia não precisa ser um cálculo em que alguns ganham tudo e outros ficam com nada”. Nossos candidatos não aprenderam a falar nesse tom. Os eleitores precisam entender melhor o que é uma eleição como a de domingo, no Brasil. O próprio Obama faz advertência, válida para os do Norte ou para os americanos do hemisfério Sul. “A polarização crescente de opiniões e estratificação econômica e regional, a fragmentação de nossa mídia em canais para todos, fez com que esse processo de divisão em categorias distintas pareça inevitável. Transformamo-nos em bolhas, que representam uma ameaça à democracia. A política é uma batalha de ideias para debate sadio. Eis a lição que se deve extrair destes conturbados momentos que ora atravessamos”. Ninguém, sob qualquer pretexto, tem o direito de, cá entre nós, atirar mais lenha à fogueira. As chamas já estão altas e podem causar maiores danos à nação e à população sofrida por anos de infortúnio, mesmo aqueles resultantes das dúvidas que pesam sobre quantos que estarão no exercício de elevadas funções dentro de três meses. Paciência tem limite.
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