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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 7 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A busca do homem novo Manoel Hygino Com o nome de Adélio Bispo de Oliveira, autor do atentado ao deputado Jair Bolsonaro, candidato a presidente da República, apareceu o de Montes Claros, cidade norte-mineira, hoje incluída entre as oito mais populosas do Estado, com mais de 400 mil habitantes. Recorda-se, com o historiador Hermes de Paula, a luta política, em 1930, que empolgou a cidade. Esta se dividia entre a Concentração Conservadora, que apoiava Júlio Prestes, de preferência do presidente Washington Luís, na sua sucessão, e a Aliança Liberal, então ao lado de Vargas, em consonância com o pacto dos governadores, o Café com Leite, um mandato para São Paulo e outro para o vizinho, as mais fortes unidades da federação. Desde 1922 o Brasil era sacudido por um frenesi revolucionário, principalmente porque as novas gerações não aceitavam as velhas ideias em política e no campo cultural. Montes Claros, em posições claras e fortes, com o povo apaixonadamente dividido em partidos, levava vida pacata, tudo devagar, mas aceso. Em 6 de fevereiro de 1930, uma grande e seleta comitiva, de que participava o vice-presidente da República, Melo Viana, desceu na estação ferroviária em direção ao Centro da cidade quando ocorreu um tiroteio na praça que hoje tem o nome de João Alves, médico e uma das lideranças da Aliança Liberal. Uma tragédia com sete mortos e vários feridos, descrita por Assis Chateaubriand, na imprensa carioca, como Emboscada de Bugres (título, alias, de excelente livro de Milene Coutinho Maurício). A fagulha em Montes Claros percorreu a nação, divulgando-se o nome de Tiburtina, esposa de João Alves, acusada de promover o incidente em que se feriram Melo Viana, o líder agroindustrial Dolabela e, entre os óbitos, o do secretário do vice-presidente da República. Segundo Darcy Ribeiro, “dona Tiburtina foi a glória de Montes Claros e uma das mulheres mais bravas do Brasil”, auxiliando o marido pessoalmente na assistência aos casos de gripe espanhola, embora “a mais querida e a mais odiada razão dos ódios partidários dos gastos pessoais”. O condenável episódio da véspera do feriado da Independência, em 2018, acorda sentimentos que já vão longe no tempo, mas não apagados. Nossos problemas não foram resolvidos, alguns se agravaram nos anos de República. Há um desalento generalizado, quando não insatisfação, indignação ou revolta que precisam urgentemente ser eliminados. A nação quer paz, o que compreende acabar com a corrupção, que contribui para revigorar o descontentamento, fazendo a reforma pacífica das estruturas sociais. Este indivíduo que se armou de uma faca para tentar extinguir a vida de um brasileiro que se dispôs a participar da vida política poderia ter nascido em qualquer lugar. O episódio é uma grave e tormentosa advertência. No mais, é tentar saber mais a respeito de seu passado, sua conduta, de suas receitas, de seu estado de saúde, de quem financiou o ato (se houve patrocinador), se este é um ato isolado ou não. Imprescindível, finalmente, que o eleito deste ano conheça o manual de Quinto Túlio, utilizado por Cícero, em Roma, ao sair diariamente à busca de votos. “Sou um homem novo” aspirante à Presidência, e se trata agora do Brasil.

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