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Mensagem: Ler e aprender Manoel Hygino Embora o assunto predominante hoje no Brasil seja a eleição de outubro, com todos os reparos que os cidadãos fazem aos candidatos à presidência da República, há outros temas, alguns de importância, a serem focalizados. É o caso, assim, da inauguração de uma biblioteca num país que pouco lê. Trata-se da Biblioteca Maria das Mercês Paixão Guedes, implantada na maior cidade de norte de Minas pela Academia Feminina de Letras de Montes Claros, presidida por Felicidade Patrocínio, recentemente empossada. Consoante a Castro Alves, que orientava dar-se livros à mancheias, obrigando o povo a pensar, está-se ampliando a atividade do sodalício em área fundamental à formação do cidadão. Uma das quatro cidades mais populosas do Estado, grande centro econômico, Montes Claros cultiva as Letras, a atividade cultural, literária e artística, que constitui verdadeiro patrimônio. Lembraria, à guisa de registro, que MOC foi, em determinada época, o único município do país com dois representantes na Academia Brasileira de Letras: Cyro do Anjos e Darcy Ribeiro. Anteriormente, a presidente já adotara medidas no âmbito do mesmo programa, em seu Ateliê. Criara o projeto Escambo de Livros, com reuniões anuais para oferecer à comunidade publicações e palestras no gênero. Depois, instalou-se o projeto Livro Livre, com a disponibilização de livros para a população, todos os dias, numa estante em passeio junto ao estabelecimento. Estava inscrito: “Livro Livre. Leve livros para ler. Deixe livros para outros lerem”. Foram dois anos do experimento. Todos os dias, param ali carrões, carrinhos, carroças, motos, dos quais desce gente de vária formação, estudantes especialmente, em busca do volume que lhe interesse. Graças a isso muito especialmente, descobriu-se que era muito mais expressiva do que suposto a produção no município e região. O que se inseriu na Biblioteca já soma mais de mil volumes, à disposição de cerca de quatrocentos mil habitantes da cidade. Deste modo, procura-se contribuir para estreitar os laços entre a heterogênea comunidade montes-clarense, a que se incorporaram brasileiros de várias regiões, com ênfase do Nordeste do país. Graças a isso, confia-se na aproximação de irmãos de múltiplas origens e na difusão de nossa cultura e literatura, pilares importantes da história de Minas Gerais. A inauguração oficial, neste dia 14, constitui um fato digno de nota, por demonstrar que os bens do espírito, da história e da cultura não se restringem às capitais, como sói acontecer muito comumente. Vale, ademais, para confirmar que os brasileiros de talento e vocação podem ser bons escritores, bastando ter oportunidade. Bibliotecas podem e devem servir à inteligência e à criatividade. Em hora de notória inquietação com o futuro nacional, em plena agitada movimentação eleitoral, é bom preparar as futuras gerações para escolher seus representantes em altos escalões da República. Pode parecer simples jogo de palavras, mas não é: leitor e eleitor rimam bem. É na lucidez do cidadão que nos arrimaremos para um futuro mais feliz. Iniciativas com esse propósito são bem-vindas e devem ser incentivadas.
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