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Mensagem: Wander Pirolli em 3 tempos Tempo 3: Homem de coração de carne Alberto Sena Uma das alegrias de Piroli era quando podia sair da cidade para pescar. Ele ia com Lincoln Gonçalves, Ricardo Eugênio, Julinho, Bebeto e também o filho, Bumba, ainda menino, que o inspirou a escrever “Os Rios Morrem de Sede”. Um dia, ele quis mostrar ao Bumba um rio de água limpa. Viajou quilômetros e mais quilômetros e não encontrou nenhum. No finalzinho da década de 70, entrante na de 80, Piroli foi convidado pelo então diretor-executivo do Estado de Minas, Camilo Teixeira da Costa a criar um semanário de compras, intitulado Jornal de Shopping. Eu me encontrava em Viçosa, na Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Imprensa Universitária, dando um refresco do “Caso Jorge Defensor”, devido a ameaças recebidas. Piroli me ligou dizendo: “Volta, porque temos um jornal (de Shopping) e uma rádio (Guarani Onda Rural) para nós”. Voltei na maior alegria. Em vez de um jornal de compras, como o diretor queria, ele fez um semanário com reportagens, artigos, fotos abertas. Concorria com o Jornal de Casa, do Diário do Comércio. A Redação do Jornal de Shopping funcionava no 24° andar do Edifício Acaiaca, na Avenida Afonso Pena, entre ruas Tamoios e Espírito Santo. Foi um belo jornal, mas Camilo Teixeira da Costa não se conformou. Evidentemente, porque sofria pressão de Brasília em relação ao semanário de Piroli, pela cobertura política incômoda para a elite, na ocasião. Numa sexta-feira do início do ano de 1982, Piroli e a redação haviam fechado as páginas do jornal, que circulava sábado e domingo, quando, sem aviso prévio, um recado da direção dos associados na primeira página, cercado, informava ser aquele o último número. Sem dar maiores explicações. Sem o conhecimento prévio de Piroli. Claro, ficamos órfãos. Todos, este foi o sentimento. Enquanto dirigia o Jornal de Shopping, Piroli publicou o livro “Minha Bela Putana”. Findo o jornal, reencontrei-o no Diário de Belo Horizonte, publicação do Jornal Balcão, mas foi por pouco tempo. O veículo fechou as portas um ano depois de lançado. Concomitante ao Jornal de Shopping e até depois dele trabalhei com Piroli na Rádio Guarani Onda Rural, emissora de ondas curtas feita exclusivamente para o homem e a mulher do campo. Rádio chefiada por André Carvalho e o conterrâneo Alair Almeida. Eu na chefia de redação, juntamente à jornalista Cristina Bahia, e Piroli fazendo crônicas para alegria dos ouvintes do campo. A rádio de modo geral recebia pilhas e mais pilhas de cartas do homem e da mulher do campo. Uma das mais lindas experiências que vivi profissionalmente. Como curiosidade, no Jornal de Shopping, uma vez, Piroli conversava ao telefone com Jaguar, diretamente do Rio de Janeiro, quando cochilou com o aparelho na orelha e nós ouvíamos o ronco dele e a voz de Jaguar gritando do outro lado: “Alô, Wander; alô...” Foi um cochilo, e ainda com o fone na mão, o mestre explicou ter ficado até tarde – ou até muito cedo – na rua e não havia dormido. Particularmente, orgulho-me de ter trabalhado com Piroli. Confesso, ele teve forte influência em minha vida pessoal e profissional. Imagina, tinha 22 anos quando vim de mala e cuia de Montes Claros e fui trabalhar com ele. Wander era de uma geração de humanos de coração grande. Coração de carne. Tinha sempre palavra de estímulo à equipe. Sabia utilizar profissionalmente os talentos da turma. Só a presença dele tanto diante da máquina de datilografia, quando na Editoria de Polícia, quanto no Jornal de Shopping, diante do computador era suficiente para os seus comandados terem a liberdade de redigir os textos. E ele editava dando sublimes títulos. P.S.: Faziam parte da equipe escolhida por Piroli para fazer o Jornal de Shopping: Sebastião Martins, Gilberto Menezes, Lincoln Gonçalves, Gilson Menezes, Mazza de Palermo, Roberto Araújo, Kao Martins, Bóris Feldman, JD. Vital, Félix Fernandes Filho, Marco Otávio (Marão), Mário Valle, Alberto Sena, entre outros.
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