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Mensagem: AS EMENDAS PARLAMENTARES EM TEMPOS DE ELEIÇÃO E AS MIGALHAS QUE PERPETUAM MISÉRIA * Marcelo Eduardo Freitas Acabo de ler com tristeza a notícia da liberação de 4,2 bilhões de reais para emendas parlamentares. Confesso, caro leitor, que essa notícia me deixou bastante entristecido ao saber que, por mais essa manobra política, há o desejo enrustido de perpetuar corruptos contumazes no poder. Começo a refletir na incongruência das ações do governo (propositalmente com m minúsculo), quando observamos a suspensão do aumento do funcionalismo público por falta de verbas, a ideia da reforma da previdência por não comportar as dívidas advindas da má organização de seus recursos, a mitigação de programas de governos sob a justificativa da falta de dinheiro, o atraso nos repasses públicos. E por aí vai... Talvez porque eu esteja velejando nestas águas, turvas creio eu, observo que tal “liberação” seja a maneira mais fácil de fazer o povo pagar pela campanha eleitoral de alguns que estão a usufruir da máquina pública. Como é difícil falar em eleição no Brasil! Como é complicado viver as consequências do sufrágio no país onde reina a hipocrisia e a dissimulação escancarada para a compra dos votos dos mais humildes! E haja trator, ambulância, caixa d´agua, canos, emprego, aposentadoria... É a indústria de distribuição de miséria que sempre reina em ano de eleição! Estupra-se a democracia por um botijão de gás, uma panela de pressão ou um punhado de moedas... As pessoas precisam entender que devem escolher os bons políticos pelo seu histórico de vida, trabalho, conquistas. Decidir por aquele que enxerga o povo e vê sua real necessidade, não pelas esmolas ganhadas através de falsas promessas e de uma “cara deslavada”, aparecendo de quatro em quatro anos em sua cidade. É muito mais fácil dar a ambulância, fazer uma festa para a entregá-la e depois usá-la para mandar o cidadão morrer nos corredores lotados dos hospitais em Montes Claros. Após é simples: basta culpar o médico, acusar o hospital, tentar fechar o público para beneficiar o privado e mandar uma coroa de flores para o velório da pessoa que poderia ter em sua cidade um ambulatório capaz de socorrê-lo e tratá-lo a tempo e modo minimante dignos. É mais simples dar o trator, mandar matar um boi, fazer um churrasco e depois deixar aqueles produtores à sorte do bom Deus e do ciclo da chuva, sem auxílio ou projeto de implementação e viabilização do negócio agropecuário e preservação ambiental. Por qual motivo cuidar das nascentes dos rios, suas margens, educar sobre a conservação ambiental? É muito melhor dar uns canos, tirar umas fotos, soltar uns foguetes e deixar o cidadão lá, sem qualquer instrução, desmatando e secando a fonte de água que abastece a sua plantação, a dos outros e gera renda a milhares de famílias, como é o caso do nosso sofrido São Francisco! Quanto mais eu ando por esse norte de Minas, mais eu tenho a certeza e a convicção da necessidade de mudança e substituição dessa velha política do coronelismo, agora travestida de moderna, com “roupas novas”, mas que ainda premia com uma bota para que a outra seja recebida logo após as eleições. E dependendo do político em que se vota, bem capaz de nem receber o outro “pé”! É triste o uso da máquina pública, sempre no ano eleitoral, para que as “velhas raposas” continuem a se perpetuar no poder. George Carlin, humorista americano, dizia que “a honestidade pode ser a melhor política, mas é importante lembrar que aparentemente, por eliminação, a desonestidade é a segunda melhor política.” As condutas dos políticos são norteadas pela atitude dos eleitores, ou seja, aceitar a migalha em troca dos valiosos votos de uma comunidade inteira é estuprar a democracia! É acabar com a esperança que deve nortear todo cidadão de bem! É condenar aquela comunidade a mais quatro anos de espera... Esperar o que mesmo? Meus amigos, estamos no ano do presentinho, da ajudinha, da contribuição, da inversão de valores que observa com antipatia a honestidade! Se mede o político pelas migalhas que deixa... Triste demais enxergar isso e perceber que está impregnado na educação de várias gerações. Tentar mudar isso é uma obrigação de todos nós! Ao invés de usar as redes sociais para duelos ofensivos e medíocres, que estampam um imbecil distinção entre esquerda e direita que jamais existiu, usemos para replicar a necessidade de mudar essa mentalidade do coronelismo enraizado por uma visão ampla, pensando no futuro da comunidade em que vivemos, da necessidade de sua região, das possibilidades de obras, investimentos e projetos que poderão vir através do voto correto, consciente e pautado para o bem de todos. O poeta e retórico romano de nome Juvenal, autor das “Sátiras”, é pontual ao nos dizer que “a honestidade é elogiada por todos, mas morre de frio.” Que tenhamos novos rumos, novas formas de política, que sejamos “ressurreição”! Que sejamos honestos conosco e com aqueles que nos rodeiam. Que possamos abraçar a integridade, a honradez e fazer com que elas se esquentem em nossos corações e se perpetuem através de nossos atos! Que sejamos “luz”! Que não ofertemos as nossas consciências nesse grande balcão de negócios que começa a se instalar em nosso sofrido norte de Minas. Basta de migalhas! (*) Delegado de Polícia Federal e Professor da Academia Nacional de Polícia
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