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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 8 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O Retrato do Prazer Petrônio Braz Relatos de vida. Uma filosofia da existência. Eis como vi, li e reli o novo livro de Amelina Chaves, para elaborar o Prefácio. A preocupação de apresentá-lo, em presença da honra da deferência que a Autora me delegou, leva-me à despreocupação, porque os prefácios nunca são lidos. O leitor vai ignorá-lo, mas haverá quem o lerá e esse “quem” se inscreve entre os leitores mais seletos. Bom mesmo será que o leitor vá direto ao texto da obra literária por um convite do Título e por respeito à consagrada Autora. O leitor é livre para tomar a sua decisão. Nesse sentido a observação de Marisa Lajolo: “Mergulhar na leitura é o que fazem os leitores que gostam do que estão lendo. E quando não gostam? Quando não gostam, nem têm de ler por obrigação, largam o livro, pois o leitor é dono e senhor de seu nariz e de sua vontade: tanto pode fechar o volume depois de algumas páginas se não estiver gostando ou, ao contrário, esquecer o mundo à sua volta e mergulhar na história que o livro conta. (LAJOLO, 2004:29)”. Mas, iniciando a leitura de “O Retrato do Prazer”, o leitor irá “esquecer o mundo à sua volta” e irá se deleitar com a realidade humana dos inúmeros capítulos. Lendo um capítulo, lerá o outro porque interligados numa sequência coerente. A Autora nos adverte: “Nessas histórias narradas por outros, tento focar experiências e sentimentos velados para o mundo. Abrir o quarto escuro da mente humana. Esta que guarda sentimentos dos mais absurdos jamais imaginados e expor a realidade de cada um. Que o mundo desconhece, tanto que este terá varias historias. Alguém me perguntou: Será um livro erótico?” Erotismo? A sexualidade envolve quase todas as áreas da vida humana. Tornar-se sexual ao vestir é um dever social da mulher. A nossa vida está permeada de sexualidade. As limitações sócias, de natureza religiosa, inibem a nossa própria existência. O papa Gregório Magno, no século VI da Era Cristã, instituiu os sete pecados capitais. O jornalista Vicente Serejo (jornaldehoje.com.br), acertadamente afirmou que “o homem viveu dois mil anos com medo dos pecados capitais, quando eram sete as portas do inferno. Hoje andam tão fracos, se é que ainda são pecados, que outros são os medos e até o pobre Diabo perdeu seu veneno. O que poderia haver de tão perigoso assim na ira, luxúria, gula, inveja, soberba, avareza e preguiça?” Tudo está tão mudado. Segundo Savater, “até o sexo perdeu seu sentido de recreio lúdico dos jogos amorosos para ser uma olimpíada de eficiência e sucesso. Houve um tempo, conta o filósofo espanhol, que o sexo era algo sagrado, acima do bem e do mal, intocável por umas tantas artimanhas da vida besta. Hoje, não. Vivemos sem ritos, sem liturgias. Tudo caiu na banalidade invencível. Até os sete pecados que um dia já foram capitais”. O Papa Bonifácio VIII afirmou publicamente que não acreditava na imortalidade da alma e na vida eterna, e que os prazeres dos sentidos não eram pecados. O sexo está permeado de uma série de crenças e mitos. Mas ele é um dos aspectos mais importantes de um relacionamento, necessário ao bem estar físico e psicológico. Amelina Chaves nos dá a certeza de que o sexo, seja ele eventual ou estável, é agradável. Uma demonstração de carinho, emoção e afeto. Ela é comedida, não descendo ao realismo de Darcy Ribeiro, de Jorge Amado, ou de E. L. James em “Cinquenta Tons de Cinzas”. Observa o psicólogo Diego Henrique Viviani que vemos o sexo “como parte integrante da sociedade e da vida das pessoas. Independente do contexto em que está inserido, ele pode ser vivido de forma prazerosa e complementar de nossa vida”. Pessoalmente, com noventa anos de idade, não mais me ocorrem os prazeres da carne, mas os prazeres da vida continuam presentes. Platão em A República, diz, pela voz de Céfalo: “Fica a sabê-lo bem: na medida em que vão murchando para um os prazeres físicos, nessa mesma aumentam o desejo e o prazer da conversa (A República, São Paulo, Editora Martin Claret, 2005:12)”. Mas, ocorreram-me pela leitura de “O Retrato do Prazer” lembranças. E quantas? Quem não as tem?

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