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Mensagem: Corby parecia ser doce como o licor Alberto Sena As fotos inseridas por Wagner Gomes no Facebook, do acervo fotográfico de Dona Dorzinha, mãe dele, são para mim como uma campainha que toca fundo na memória, e não contenho o ímpeto de debulhar uma história. Foi o que me aconteceu neste momento ao ver a foto de Corbiniano Rodrigues Aquino (Corby), que morava atrás da Praça de Esportes, em Montes Claros enquanto a minha família, próximo da casa dele, na Rua Marechal Deodoro. À época, não conheci o Corby poeta, mas “an passant” o Corby comerciante. Mais tarde, em plena adolescência, aos 13/14 anos, quando montado em uma bicicleta Monark de tamanho médio, azul e amarela, ia ganhar alguns trocados fazendo cobrança de publicidades publicadas no O Jornal de Montes Claros, é que conheci, um outro lado dele. Era um homem magro, sempre de bigode, extrovertido e falante. Gostava de ir à casa dele fazer cobrança porque ele era bom pagador e a minha comissão estava sempre garantida. Foi muito tempo depois que conheci o lado poeta de Corby. Antes, porém, devo dizer, ele inventou o licor de pequi da marca Corby, produzido até hoje e vendido no exterior. Ouvi dizer que a produção do licor é limitada. Tenho em casa uma garrafa do xarope da mesma marca. É bom para tomar com uma dose de cachaça, embora não seja adepto, mas de quando em vez, pode acontecer. Gosto de dividir com a minha cúmplice homeopaticamente uma garrafa de vinho tinto seco em certas ocasiões. Houve uma vez, quando já morava em Belo Horizonte e era repórter do jornal Estado de Minas, cobrindo o setor agropecuário, fiz uma reportagem com Corby, na fábrica de produção de licor. Ele me levou para conhecer as dependências da fábrica e me mostrou um tanque enorme cheio de pequis, onde ficavam curtindo para ser transformado em licor. Por essa época conheci o lado poético de Corby, homem operoso, sempre em atividade. Se não me engano foi ele o criador da Associação Comercial e Industrial de Montes Claros (ACI) e o primeiro presidente durante meia dúzia de anos. Procurei na internet, e numa publicação do historiador Dário Cotrim, “Poetas ilustres in memoriam”, encontrei alguma informação sobre Corby, que nasceu em Januária, morou em São Paulo (Avaí) e foi para Montes Claros no ano de 1956, quando o menino aqui tinha seis/sete anos. Segundo conta o historiador, “a família tem engavetado uma coletânea de poesias, com promessa de publicá-la em livro”. Se já publicou, não tenho notícia. Se não, convinha publicar, a fim de consagrar a memória de Corby, “o primeiro dirigente do Mobral na cidade”, pelos idos de 1972. Com dois livros publicados – “Aconteceu em Serra Azul” e “Aconteceu”, ele ocupou a Cadeira 27 da Academia Montes-clarense de Letras, e a de número 25 do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros. Em 30 de janeiro de 1987, Corby morreu. Porque foi homem importante para Montes Claros, e aproveitando a ocasião de ver a foto dele incluída no acervo de Dona Dorzinha, não deixei passar a oportunidade de homenagear Corby por tudo que fez e por ter nos deixado o saboroso licor. Para completar, melhor seria ver publicada a coletânea de poemas dele. Não vivi a intimidade do homem, mas me parecia uma pessoa doce como o próprio licor de pequi. Segue uma amostra de poema corbiniano. Pingos d`agua Corby de Aquino Chove. Um ar triste baila pelo espaço O sol se esconde amortecendo a frágua E a terra boa colhe em seu regaço, Os milhões e milhões de pingos d’àgua. Vertendo os céus as inocentes báguas, As enxurradas crescem num ameaço. Cessam as lágrimas; dá-se a deságua E tudo se harmoniza passo a passo. Também no turbilhão da minha vida, Quando o perfil de certo alguém eu traço, Meu ser inunda lágrimas sentidas. E quando dos meus olhos são vertidas, Sonho vendo apoiada no meu braço, A imagem pura da mulher querida.
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