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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 8 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O medo de mãe morrer Alberto Sena Penso que toda criança tem medo de a mãe morrer. Acho isso natural. Tinha muito medo de a minha mãe morrer quando eu era criança. Talvez, porque ela era asmática e quando estava em crise, o peito dela arfava como o fole do ferreiro Simeão, pai de Pedro e Luiz, moradores próximos lá de casa, na Rua Corrêa Machado. O calor de Montes Claros aumentava o mal-estar de mãe. Era preciso ligar o ventilador, mas mesmo assim o problema dela me deixava angustiado. Passava na porta do quarto dela para ver como ela estava e tinha receio até de entrar. De certa feita, acordei ali pelas 9h. Sonhei que mãe havia morrido. Claro, levantei-me assustado e chamei por ela. Ela não respondeu. Saí andando pela casa chamando as pessoas, mas não havia ninguém em casa. Fui ao quintal e não vi ninguém. Só as galinhas e os perus fazendo glu-glu. Outro pensamento não passou por minha cabeça senão o da certeza de que mãe morrera e todos foram levá-la para o Cemitério do Bonfim e não me acordaram. Foi quando abri a porta da rua para ver se encontrava alguém. Levei o maior susto. Na casa do vizinho estava uma chusma de gente. Fiquei lá de casa espiando, pensando o que será que aconteceu, quando vi minha mãe entre as pessoas. Fui lá ver. A vó de Teófilo havia morrido. Teófilo era um menino que de vez em quando jogava finca comigo e bolinha de gude. Corri para perto de mãe, mas não contei a ela o meu sonho horrível. Aliás, nunca contei isso a ela. Estou contando agora, tanto tempo depois do ano de 1985, maio, 12, Dia das Mães, quando ela de fato partiu para outra dimensão. Em verdade, acredito, enquanto dormia o meu inconsciente deu uma viajada e captou o que acontecia na casa do vizinho. Só pode ter sido esta a conclusão que chego lembrando do ocorrido, tanto tempo depois. Na ocasião da morte da avó de Teófilo senti um grande alívio em saber que não era minha mãe. Tinha eu uns sete anos de idade. Ela não me deixou entrar na casa para ver a vó de Teófilo morta. Naquela época, a percepção da morte era um escândalo. Principalmente porque alguém me disse que “o nosso coração é preso por um fio fininho”. Um fio. Se o fio partisse. Pronto. Bateríamos as botas. Hoje a minha percepção da morte é bastante diferente. Aliás, a morte não existe. O que acontece é como o camarada passar pelo umbral de uma porta e alcançar uma dimensão diferente da nossa. Mas a vida continua. No Universo não existe morte. Existe vida. Nós estamos fadados a vivermos eternamente. O espírito é imortal. Particularmente, não tenho medo da morte. Muita gente o tem. O que acontece comigo é um certo temor de como isso um dia se dará, porque, afinal de contas, não nasci semente. Mesmo porque a gente sabe que para ganhar vida a semente precisa morrer. É assim que se dá na agricultura. Sem a morte da semente não há planta. O importante é estar preparado para a passagem pela porta. É uma ida sem volta. Biblicamente falando, a gente não encontra nenhuma passagem que fale de reencarnação neste plano de vida. Mas há citação de que, aqui, morre-se uma vez só. Ressurreição, sim, existe como promessa de Jesus Cristo, quando Ele voltar para julgar os vivos e os mortos. Se você me pergunta se gosto de viver neste plano de vida, eu respondo: gosto, muito; amo a vida. Mas não sinto apego nenhum. A começar que não dá para ser feliz em um mundo onde a Humanidade vive feito barata tonta. Não dá para ser feliz diante de tanta injustiça vista. Como ser feliz, de fato, sabendo que há por aí tanto conflito? O egoísmo, com as suas ramificações, torna a vida humana um tormento. É um querendo engolir o outro. Os valores considerados verdadeiros sendo deturpados por valores falsos, sem raiz alguma. Ao mesmo tempo, eu me ocupo comigo para que possa viver bem por dentro. Utilizo a minha cabeça em benefício de mim mesmo e dos que me cercam na convivência da lida diária. Ocupo-me do viver. Se a morte é certa, por que vou viver morrendo? Vivo, com alegria, até quando Deus quiser.

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