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Mensagem: Um mineiro que veio de longe Manoel Hygino O falecimento de Francelino Pereira dos Santos, no dia em que começou o verão deste ano, não teve a repercussão devida. Muitos só ficaram sabendo depois do velório no Palácio da Liberdade. Aniversariava em 2 de julho, mesma data do jornalista Wilson Frade e do ex-prefeito de Belo Horizonte, secretário de Estado e presidente da Cemig Celso Mello de Azevedo. O França, como tratado entre os amigos, veio do Piauí, via Pirapora, e se apresentava como governador do Norte de Minas, região pela qual, aliás, nutria grande carinho. O jornalista Paulo Narciso dedicou ao passamento cinco linhas, o suficiente. “Para registro da história, acima das paixões que muitas vezes tornam os homens indignos de si e do seu tempo: quando deixou o governo de Minas, o piauiense Francelino Pereira não tinha um carro. Informado disso, o então prefeito de Montes Claros, Toninho Rebelo, chamou alguns amigos e cotizaram a compra de um. Francelino foi presenteado por esses amigos com um Opala. Opala usado, de segunda mão. O ex-governador de Minas e sua família passaram a se valer de um carro usado”. Francelino e Juscelino são nomes que rimam e ambos gostavam de modinhas. Através de sucessivos anos, trocando ideias na portaria de fundo da Prefeitura de Belo Horizonte, na rua Goiás, mantivemos uma amizade, uma discussão cordial sobre problemas diversos, com ênfase no campo da educação e das artes. Na Academia Mineira de Letras, encontramo-nos nas reuniões. Companheiro de incursões amazônicas com Mário Palmério, Pedro Rogério, TV Globo por algum tempo, meu confrade na Academia Mineira de Letras, no dia do velório, mandou-me um e-mail, que publico sem autorização: “Que perda lamentável a do Velho França. Mas sei que foi descanso. Eu gostava muito dele. Poucos sabem que o Francelino é patrono do moderno cinema nacional, já que o homem da política eclipsou o espírito preocupado com a sétima arte. Quando ele foi senador, criou a Lei de Incentivo ao Audiovisual. Levei muitos cineastas amigos para conversar com o França, no Senado. Era uma pessoa sóbria, mas alegre, lhano no trato. Como morasse em hotel, e sofria de úlcera, às vezes o trazia à minha casa para comer arroz mole com chuchu, carninha moída e caldo de feijão. Ele adorava. Um político probo, modesto, incapaz de disparar um doesto ferino, mesmo aos adversários. Saudades”. Quando mais se comentava sobre sua candidatura, por via indireta, ao governo de Minas, seu conterrâneo, João Veras, ex-Itacolomi e já gerente regional do Sistema Globo de Rádio, decidiu reunir em sua casa, na Senador Pompéu, Serra, jornalistas para uma conversa informal. Foi um sarau agradável, no tempo previsto, em que o convidado contou episódios de sua vida, sua atuação política, da maneira quase afetuosa, com que o presidente Geisel o recebia no Planalto para uma taça de vinho. Jornalistas – Geraldo Majela Andrade e Geraldo Diniz Resende –, do antigo “O Diário”, católico, entre eles, me chamaram a um canto e me perguntaram: “por que você, tão amigo do Francelino, não o aconselha a aceitar a sugestão para o Palácio da Liberdade?”. Dirigente de partido, veiculado umbilicalmente à UDN, relutava. Transmiti-lhe, quando a sós, a pergunta. Dias depois, ele resolveu aceitar a indicação. Mera coincidência, talvez.
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