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Mensagem: “GUARDA MEU ANEL BEM GUARDADINHO” - Alberto Sena Quando li o convite de lançamento do livro “O Anel Que Tu Me Deste”, convite feito pela autora, professora, escritora e doutora em Literatura, Ivana Ferrante Rebello, imediatamente saltou do escaninho mais profundo da memória, aquela brincadeira infantil de passar o anel. Vi-me numa roda de meninos e meninas em frente da nossa casa, na Rua São Francisco, em Montes Claros, no início da noite, sob o torpor do calor montesclarino, brincando: “Guarda meu anel bem guardadinho; guarda meu anel...” E o anel ia de mão em mão espalmada. O gesto era tão acalentador! A gente sentia, como sinto ainda agora, o calor humano, a energia transmitida de mão em mão. E quem tinha o anel escondido entre as mãos o deixava com alguém ali na roda e depois lançava o desafio: “Com quem está o anel?” Quem adivinhava ficava com ele e a cena se repetia em meio a algazarra da meninada. Ivana Rebello, pelo que pude perceber a partir de uma simples síntese do livro, feito por ela a meu pedido, mergulhou em um arquétipo para revelar a sua admiração por João Guimarães Rosa, do qual é especialista. “O Anel Que Tu Me Deste”- Grande Sertão: Veredas e a História de Amor Que Virou Livro” certamente é daqueles livros que a gente não quer interromper a leitura, principalmente se estiver espichado numa rede, em algum lugar do Sertão, porque, afinal de contas, o Sertão está em todo lugar. “O livro foi nascendo aos poucos, em três anos de pesquisa”, conta Ivana. E ela foi me dando um aperitivo dele de dar água na boca. “Parte de uma imagem dentro do romance: a pedra joia encontrada em Araçuaí e que Riobaldo quer entregar a Diadorim, seu amor maior”. Só mesmo quem conhece a obra de João Guimarães Rosa, como Ivana conhece, seria capaz de escrever um livro desse a partir de uma imagem do grande romance. E ela continua: “Mas Diadorim não a recebe e essa pedra via circular no romance de mão em mão e sempre com nomes trocados: ametista, turmalina, esmeralda...” Na visão de Ivana, esse trecho do livro nada mais é do que um jogo de “passar o anel, muito comum na nossa infância”. Nessa época, não havia a parafernália de meios díspares a desviar as atenções das crianças como existem hoje em dia. Parece que a pureza infantil daquela época era mais pura do que a dos tempos atuais, quando os bebês, pode-se dizer, já nascem com celular na orelha. “Esse jogo” – Ivana continua – “é a metáfora da forma de escrita de Guimarães Rosa: ele recolhe as histórias (anel) das mãos alheias e as reelabora poeticamente, culminando em sua literatura. Ele repassa essa pedra-história ao leitor. Daí o título do livro”. Pesquisadora, Ivana recebe essa pedra, “como dádiva de amor”. E ela vai mais além, “na análise das cartas trocadas entre ele e sua mulher, Aracy, descubro que Guimarães Rosa viveu uma linda história de amor. O livro é dela, como diz a dedicatória. É o anel de casamento que ele oferece a ela. Enfim, são histórias de amor que entrelaçam a ficção e a vida”. P.S.: O lançamento do livro “O Anel Que Tu Me Deste” acontecerá nesta quarta-feira, 20, às 20h, no Museu Regional do Norte de Minas (MRNM).
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