Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.
Clique aqui para exibir os comentários
Os dados aqui preenchidos serão exibidos. Todos os campos são obrigatórios
Mensagem: AI DE TI GRÃO MOGOL Alberto Sena Em março de 2018 completariam quatro anos que moramos em Grão Mogol. O verbo da frase está no futuro do pretérito não à toa, porque estamos indo embora. Voltamos à casa, na capital. Antes, porém, como jornalista, e agora escritor, com livro publicado – “Nos Pirineus Da Alma” – me sinto no dever de prestar mais este serviço a Grão Mogol fazendo uma análise rápida do que foram esses anos, aqui, vividos vistos e revistos. Faço isso por amor a este lugar “sui generis”, que, pelas próprias belezas naturais aquinhoadas pela Natureza, já podia estar bem adiantado, não fosse o fato de ao longo dos seus 159 anos de emancipação política ter sido administrado de maneira equivocada. Nenhuma das administrações, inclusa a atual, levou a sério o turismo, vocação natural da região. Por quê? Porque os resultados do turismo não surgem da noite para o dia. O turismo exige investimentos a fim de criar infraestrutura adequada para recepcionar os visitantes. Pode ser que investimentos feitos hoje só venham a dar resultados práticos na administração seguinte. Daí os prefeitos terem certa aversão em focar o turismo como a sua primeira prioridade. O turismo seria a redenção do município, depois do advento do garimpo de diamante. Seria o diamante maior, em cima do qual a população está sentada. Daria empregos, elevaria o nível cultural dos grãomogolenses. A sede seria bem cuidada e essa urbe de tantas histórias que se esfacelam transformaria numa “Suíça Sertaneja”, com o aproveitamento adequado de seus recursos hídricos, caso do histórico Ribeirão do Inferno, maltratado e parcialmente poluído. Para dar a Grão Mogol o que o município precisa, os administradores deveriam ter espírito público. Trabalhar visando o município e o povo, sem pensar em si mesmo. Fazer como fez Toninho Rebello, considerado o melhor prefeito de Montes Claros, que recusou salário e trabalhou para a cidade e o povo. Depois dele, não apareceu nenhum outro. Comparando, desde quando chegamos até hoje, a cidade piorou bastante. As praças ainda eram lindas quando chegamos. Noivas vinham de fora para fazer álbum de fotografias na Praça Ezequiel Pereira, praça da Matriz chamada. Basta recorrer às fotos de quando a praça era bonita e bem cuidada e fazer comparação com o estado dela, atualmente. A praça Coronel Janjão, que não era tão bonita quanto a da Matriz, mas parecia agradável, simplesmente acabaram com ela na administração passada e a atual nada fez em termos de obras na sede do município, nem para recuperar a praça cuja maquete até foi publicada na administração anterior. Para piorar ainda mais as coisas, os bandidos vieram a Grão Mogol e explodiram com dinamites os cofres dos dois bancos e da agência dos Correios. Por causa disso, o comércio local está quase às moscas. Os feirantes da zona rural que vinham a Grão Mogol trazendo mercadorias e aproveitava para resolver questões bancárias, foram para outras praças. É uma cena triste ver pessoas simples na porta do Banco do Brasil e na agência lotérica, que faz as vezes de Caixa Econômica Federal, na expectativa de incerto atendimento. Conversei outro dia com Fabiana Arruda, irmã do dono da lotérica, para saber o que afinal acontecia, porque uma hora não tem dinheiro e em outro momento os computadores estão fora do ar. Ela informou que a lotérica trabalha sem nenhum lucro. Está simplesmente prestando serviço porque havia recebido orientação da Caixa Econômica de não juntar dinheiro na agência para não atrair os bandidos. A lotérica, segundo ela, precisa de um banco para funcionar, e como em Grão Mogol não há mais banco (ambos funcionam a meia boca, como se diz) quem mais sofre é a população e o comércio ambos desamparados. E como a população nem o comércio dispõem de meios para reclamar, e mesmo que tivesse talvez não reclamasse, porque a Prefeitura Municipal garante o salário de boa parte da população, a cidade depende o tempo todo de Montes Claros para quase tudo. Na situação em que a sede do município se encontra, praticamente paralisada, nem conseguiu realizar o importante Festival de Inverno neste ano, houve quem sugerisse “transplantar Grão Mogol em Montes Claros” para que a cidade pudesse funcionar. Seria até mais econômico, inclusive, porque evitaria o trânsito diário de grãomogolenses indo a Montes Claros para solucionar os seus problemas. Grão Mogol perdeu a sua grande oportunidade de se dar bem aos olhos do governo estadual por causa de um erro de estratégia política. Antes das eleições para o governo de Minas, José Afonso Bicalho Beltrão Silva, filho desta terra, atual secretário de Estado da Fazenda de Minas Gerais veio à região buscar apoio para Pimentel. No primeiro momento parecia ter conseguido, até que o lado majoritário fez a opção errada e José Afonso largou Grão Mogol de mão. P.S.: Hoje, 8 de dezembro, a cidade esteve toda a manhã sem comunicação. Não havia internet nem telefonia celular. Está quase chegando naquela situação: “O último a sair apague a luz”. Luz? Da vela.
Trocar letrasDigite as letras que aparecem na imagem acima