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Mensagem: O INCRÍVEL ARISTÔNIO CANELA Os gênios são raros. A história cultural de Montes Claros tem registrado uma série de homens fenomenais no campo das Letras. Entretanto, conheci poucos que classificaria como gênios. Os gênios são criaturas fora do comum, cujo cérebro trabalha de uma forma extraordinária como que num plano diferente daquele em que transita a média dos seres humanos. Por isso, inclusive, é difícil para eles se adaptarem a um mundo tão estranho àquilo que ele pode captar da realidade e imaginar. Sua leitura e interpretação nos escapam, pois estamos longe de alcançá-los. Muitos pensam que o mérito de um escritor está no número de obras que produz. Isso, entretanto, não é verdadeiro. Ele pode escrever uma única obra e, no entanto, ser genial e seu nome ficar para a posteridade. A História está aí para comprovar isso. Margaret Mitchell, escritora americana, escreveu uma única obra que a imortalizou: “E o Vento levou...”. Cyro dos Anjos é outro exemplo de escritor que produziu relativamete pouco, mas que é excepcional. Nunca a literatura brasileira haverá de esquecer “O Amanuense Belmiro”. Estou tendo, na atualidade, a chance de conviver com um gênio, ainda pouco conhecido no meio cultural de Montes Claros. Isso porque ele não tenta aparecer. Como todo gênio, produz no silêncio, na solidão, no anonimato e sem necessidade de fazer propaganda de si, pois, fatalmente, sua genialidade há de se mostrar em sua obra. Seu cérebro é febril e ele, uma criatura multifacetada, produz no campo da literatura, da música, do teatro. Poeta, compositor, contista, novelista, romancista e, ainda por cima, um excelente ortopedista. Sobre o espetáculo produzido, dirigido e atuado por ele em “O Feitiço do Tempo”, espetáculo esse apresentado pela Academia Montes-clarense de Letras para mostrar a qualidade de seus membros, disse a doutora em Literatura, Ivana Rebello: “E por tal essência fui tomada (...) numa noite de um dos mais belos espetáculos que a cidade de Montes Claros conheceu. Música bem executada, teatralidade, cenário, luz e voz... E eu, amante confessa da arte, olhava para Lara, de apenas 9 anos, que assistiu a tudo inebriada. Falo do espetáculo O feitiço do Tempo, concebido e dirigido por Aristônio Canela”. Tenho, desde muito nova, vivido num meio cultural bastante elevado e li os clássicos assim como os grandes escritores da atualidade. Varei noites de minha vida, desde a infância, lendo. Ultimamente, já não leio tanto por causa da baixa visão, mas, mesmo assim, me esforço e lanço mão de tudo que posso para não abandonar meu hobbie favorito. E sei bem, não apenas pela minha formação em Psicologia, mas por minha experiência com a literatura e como consultora editorial que fui durante muitos anos, distinguir quando me deparo com um gênio. E estou certa em afirmar que Aristônio Canela é um gênio. Dono de uma sensibilidade e sensualidade incomuns, Aristônio derrama em sua obra, seja musical, seja literária, todo o seu talento, realismo fantástico, romantismo e sensualidade. E tem a prosa característica de sua mineiridade, ou melhor ainda, mineiridade sertaneja. Com apenas doze anos, escreveu uma obra inesquecível, que publicaria anos depois: “O Guerreiro”. Imaginem uma criança de doze anos escrevendo: “ Era uma vez um caminho. Desses pequenos, quase sem caminheiros. Valente, permanecia tenaz, bamboleante rasgando gerais. No seu solilóquio, apenas florinhas do campo lhes eram fiéis companheiras.”. Ele mesmo se descreve na obra citada: “Alma impetuosa, trigueira, (...) Sou música, Encanto da alegria. (...) Do poema, sou angústia. (...) Passageiro de chuvoso verão. (...) Sou brisa terna. (...) Chama viva, Imortal. Reverso do amor pagão, Sou. E sou você de cabelos brancos”. Como pode uma criança já se descrever de maneira tão incrível? Acho que posso dizer que o conheço bem, hoje já na terceira idade, e posso afirmar que ele é como se descreve nesse poema da infância. Capaz de gestos extremos de ternura e explosões de raiva. Sua mente é fervilhante. Não descansa. Ele escreve três obras, ao mesmo tempo em que compôe novas músicas e imagina outras peças teatrais. E, no campo da Medicina, opera com maestria como me relatou um seu colega de profissão. Sua cultura em todos os campos é também algo fora do normal. Não entendo como um médico é capaz de falar, com profundidade, sobre os filósofos e suas teorias, os grandes mestres da Psicologia, os autores expoentes da Literaturta Brasileira e Mundial e sobre Música. Mas, também, ele tem a genética de outro gênio que foi seu professor: Cândido Canela. Assim como eu, ainda jovem, já tinha o hábito de visitar Cândido para sorver de seu talento e cultura, hoje Aristônio me visita em tardes memoráveis de conversa. E, nessas tardes, tão alegres, em que posso gozar de sua genialidade, eu me sinto bem pequena! Hoje é ele, como seu tio,o meu mestre. Posso perceber que Aristônio foi uma bela herança que o meu amigo Cândido me deixou para que minha velhice não fosse tão triste. Anotem esse nome porque, com certeza, ele, por seu talento, marcará a história cultural de nossa terra. Maria Luiza Silveira Teles (presidente da Academia Motes-clarense de Letras)
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