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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 14 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Silêncio e Caminhar * Alberto Sena - Nós, montes-clarenses, nós brasileiros de modo geral estamos assistindo o País descer celeremente a ladeira. Estamos como o cão correndo atrás do próprio rabo. O problema brasileiro e da Humanidade não se resolve porque a raiz é de egoísmo, ódio, rancor, mágoa e outros sentimentos negativos. Creio que quem se dispuser a tomar o poder à base de ações violentas, acaso seja bem-sucedido, não oferecerá um cenário de paz e harmonia; jamais. REVOLUÇÃO Nesse quesito, fico com o pensamento e a prática do Marátma Gandhi – “A Grande Alma” – quando ele diz: “A única revolução possível é dentro de nós”. Qualquer outra é mais do mesmo e se não fosse, tudo já estaria resolvido, e, no entanto, nada está solucionado aqui nem no mundo onde a oferta de qualidade de vida deteriora a cada dia. Penso que para enfrentarmos os nossos problemas devemos utilizar o silêncio e o caminhar como forma de protesto. Em vez de sairmos às ruas gritando frases de efeito, esbravejando, cuspindo sentimentos os mais negativos, vamos, todos juntos, em silêncio, caminhar. Não vejo maneira melhor para vencermos essa batalha árdua travada diariamente. Não vejo luz no final desse túnel. As eleições para presidente da República estão às portas e para muitos de nós não há nenhum candidato capaz de promover as mudanças que o povo quer. PROTESTO Protestar caminhando e em silêncio tem muito mais eficácia porque ajuda a encontrar solução sóbria para esse impasse. Estamos entre a cruz e a caldeirinha. E não sobreviveremos como nação espargindo os já conhecidos maus sentimentos. Ao oferecer esse caminho comungo com a opinião do pensador francês David Le Breton, autor de livros como “El silencio e Elogio del Caminar”. Ele defende a abertura de espaços na nossa vida diária para o silêncio, para meditar, para nos encontrarmos conosco mesmos. E, com a disciplina adequada, fazermos esses espaços cada vez maiores. Muito antes de ler alguma coisa dele, eu percebi isso depois de fazer duas vezes a pé o Caminho de Santiago de Compostela, na França/Espanha, em 2001 e 2002, motivo desta reunião para lançamento do correspondente livro “Nos Pirineus Da Alma”. Nada melhor do que o silêncio e o caminhar para encontrarmos nós mesmos e em seguida participarmos da única revolução possível, conforme dizer de Gandhi. MELHOR EXPERIÊNCIA O pensador francês fez recentemente a caminhada e disse (abre aspas), “A minha melhor experiência nesse sentido, a definitiva, foi no Caminho de Santiago: quando cheguei, enfim, a Compostela, compreendi que eu havia me transformado completamente, depois de numerosos dias em marcha e em absoluto silêncio. Foi um renascimento.” Fecha aspas. Ele é do nosso tempo. Mas, antes dele, Marátma Gandhi pôde provar a eficácia da caminhada em silêncio por meio da “Marcha do Sal”, um ato de protesto contra a proibição da extração do sal na Índia colonial imposta pelos ingleses. Gandhi percorreu a pé 400 quilômetros para pegar um pouco de sal para si. Um número muito grande de indianos o seguiu. Os ingleses nada puderam fazer contra porque ele não havia incitado os outros a seguirem-no. A marcha ocorreu de 12 de março até 6 de abril de 1930. ENCONTRAR PAZ O silêncio e sua prática nos leva a esta possibilidade de encontro profundo. É fortificante. Em silêncio é possível encontrar paz e o amor incondicional vem com toda a força transformadora, como já dizia Gandhi naquela época: “O amor é a força mais sutil do mundo. O mundo está farto de ódio”. E é justamente isso que, no momento destrói, corrompe e ensurdece os seres chamados humanos. Jesus Cristo nos ensinou que, para falarmos com Deus não há necessidade do uso de muitas palavras. O silêncio já diz quase tudo. Este pode ser um passo. Ninguém deve ter medo de si mesmo. Andemos, pois, e pratiquemos o silêncio diariamente. Vamos ajudar a transformar a Humanidade. (* Discurso proferido na solenidade de lançamento do livro “Nos Pirineus Da Alma”, no Elos Clube Montes Claros)

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