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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 14 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Vamos embora levados nas páginas de um livro Alberto Sena Posso dizer, sem medo de errar, os meus melhores dias da vida foram passados em Grão Mogol. Foi o lugar onde pude me realizar mais, pessoal e profissionalmente. Alguém pode até achar isso “um espanto”, considerando que passei a maior parte de minha vida na capital, onde trabalhei só no Jornal Estado de Minas, 24 anos, onde tive, evidentemente, vida intensa, agitada, estressante, proveitosa. Não posso reclamar. “S’eu queixo é de burro”, como dizem popularmente. Em Beagá tive o melhor aprendizado. Constitui família. Vivi a melhor fase do jornalismo nacional. Naquele tempo, as notícias tinham consequência. As redações eram feitas de intelectuais e escritores, diferentemente de hoje em dia, quando os assuntos se atropelam uns aos outros. E, politicamente, o Brasil nunca viveu caos semelhante, com a grande maioria dos políticos ocupantes de cadeiras no Congresso implicada em crimes de envergonhar até estátua. Grão Mogol, para mim é sinônimo de “paraíso”. Nasci em Montes Claros, onde vivi até aos 22 anos, sem conhecer Grão Mogol. Desde criança ouvia dizer, “é infestado de barbeiro”, e, talvez por isso, ao chegar à idade adulta não me interessei em conhecer Grão Mogol. Foi preciso o grãomogolense Lúcio Bemquerer construir o Presépio Natural Mãos de Deus e me chamar, ainda na fase inicial, para ver “a loucura que estou fazendo”. De fato, Lúcio construir um presépio podia ser uma loucura, mas “loucura lúcida”. Obra que, a rigor, os grãomogolenses não conhecem e por consequência, não valorizaram. Vim a Grão Mogol a primeira vez, em 2012 Vim, vi e, posso dizer, venci. Sabem por quê? Porque, aqui, eu me revelei para mim mesmo duas condições demasiadamente importantes. A primeira: tomei gosto pela fotografia, graças ao convite do cenário local, rico em paisagens, um lugar onde há história em cada pedra do calçamento da cidade e na circunvizinhança. Onde o ar é puro e a vida segue naquela pachorra, como se aqui fosse afastado do resto do mundo. A segunda, e, para mim, a mais importante: aqui, pude concretizar a minha condição de escritor e tive ambiente para escrever alguns livros de Literatura. O primeiro será lançado, em novembro próximo, em Montes Claros. Em seguida, em Belo Horizonte, relatando as nossas duas experiências na milenar trilha chamada Caminho de Santiago de Compostela. Tenho, potencialmente, só faltando compilar, livros de poemas, de contos, de crônicas e um romance escritos nesta cidade de pedras, e cada um será lançado, como numa catapulta, a seu tempo, se Deus quiser. Em Grão Mogol pude, então, conviver mais de perto com os passarinhos e com as flores. Pude reviver o passado de menino, época em que as casas tinham quintais, como os daqui. Comparando, Grão Mogol é semelhante à minha Montes Claros da infância, hoje sufocada pelo crescimento e os problemas inerentes às cidades grandes. Pessoalmente, não tenho do que me queixar, mas como costumo abordar temas que dizem respeito à vida do meu semelhante no dia a dia, devido à condição de jornalista, tenho um corolário de assuntos a abordar, tendo em vista a melhoria das condições de vida do povo de Grão Mogol. Mas, não é o caso de debulhá-los, agora, para não empanar a leveza desta nossa conversa. Estamos indo embora, mas, um dia, “sólo el de Arriba lo sabe”, como diz o poeta espanhol, voltaremos para viver essa vida simples e simplificada, posso dizer, deliciosa. Passei esses últimos anos como se estivesse em férias, porém, produzindo intensamente, como nunca. Conscientemente, fiz um trabalho neste município, que, sem falsa modéstia, já entrou para a história de Grão Mogol. Ninguém, em nenhum tempo, fez um trabalho semelhante ao que fiz, simplesmente por amor ao lugar onde, para mim, Deus demorou um pouco mais para criar. Nesses mais de três anos aqui vividos, diuturnamente divulguei Grão Mogol ao mundo, várias vezes ao dia, por meio de crônicas, reportagens e fotos. Os frutos desse trabalho ainda virão, com mais intensidade, na medida do tempo. São como as ondas do mar. As notícias foram arremessadas ao espaço. Um dia as consequências virão na espuma do tempo. Acalento a visão aqui tida logo ao me deparar com a magia e a beleza de Grão Mogol e região. Um dia, quando a cidade for preparada de fato para receber turistas, eles virão de todas as partes do mundo para gastarem dólares e euros. Quando esse dia chegar, o nome desta urbe estará em todos os quadrantes do planeta. No meu caso particular, era necessário voltar às origens para, em seguida, dar-se a metamorfose. E o primeiro livro é a porta. Voltar para Montes Claros seria a mesma coisa de ficar em Beagá. Portanto, nesse tempo, Grão Mogol foi a minha Montes Claros da infância que o progresso transformou irremediavelmente. Vamos embora levados nas asas, quer dizer, levados nas páginas do livro “Nos Pirineus Da Alma”. Querendo ou não, quem a pé trilhou por duas vezes o Caminho de Santiago, a partir da França, entrando Espanha adentro, perfazendo, ao todo, 1.300 quilômetros, querendo ou não, está preparado para viver em qualquer parte do planeta onde a querência divina indicar.

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