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Mensagem: Em busca de si mesmo no ´Gonçalves Chaves Alberto Sena No mais recente retorno a Montes Claros, por esses dias, casualmente, ia passando pelo portão da Escola Estadual Gonçalves Chaves, na Praça João Alves, quando de repente o espírito infantil do menino de sete anos o impeliu a entrar. O portão estava aberto. Devia ser 10h30. Ele entrou pela primeira vez depois de décadas e se encontrou na porta com a simpática senhora chamada Kelly, na portaria. Explicou a ela ter sido aluno da escola, àquela época, década de 50, denominada “Grupo Escolar Gonçalves Chaves”. Ele apontou as salas de aula onde havia estudado, do primeiro ao quarto ano primário. E Kelly mostrou a ele a galeria de antigos diretores e o menino identificou as diretoras de quando ali chegou, aos sete anos de idade. Uma delas era Dona Marucas, mãe de Roberto Avelar, um dos colegas dele no primeiro ano primário. Ela estava entregando a direção para Dona Maria Celestina Almeida, irmã de Cipriano Almeida, marido de sua tia Ambrosina Sena, irmã da mãe dele, Elvira. Por alguns instantes, o menino viu-se no pátio, antes rebaixado e para ter acesso a este, os alunos tinham de descer por uma escada em frente aos banheiros. Viu-se chutando bola de meia velha com os colegas e ainda pôde ouvir o vozerio da meninada esbanjando alegria de viver, jogando “queimada”. Hoje, o pátio já não é o mesmo. Foi nivelado ao piso superior de entrada e a parte de baixo ganhou outras serventias. Mais de cinco décadas depois, até que o prédio não sofreu tanta interferência. Ele recordou, onde é hoje a garagem da escola havia uma área de terra avermelhada e em determinado ponto fora construído um pedestal de cimento onde instalaram uma cruz enorme, de madeira, pintada de tinta preta. O “cruzeiro”, como chamavam-no fora encontrado enterrado no terreno quando do início da construção do prédio. Quem fim teria levado o “cruzeiro”? Quando ele entrou pela primeira vez por aquele portão, em 1957, era de manhã e estava acompanhado da irmã de mais idade, Lúcia, e ali se encontrava para “fazer um teste”. Era para Dona Maria Celestina escolher qual seria a professora que se encarregaria de desasná-lo. Dona Bernadete Costa era o nome dela. Com ela o menino ficou do primeiro para o segundo e do segundo para o terceiro ano. No terceiro ano, ele foi aluno de Dona Alba Alkimim, mãe das professoras Vânia e Vilma Alkimim. Ela era tia de Eduardo Alkimim, um dos seus colegas. Eduardo deu a ele, um dia, quando já adultos, uma cópia de fotografia da turma, foto publicada, aqui, várias vezes. No quarto ano primário, a professora dele era Dona Augusta, austera tanto quanto Dona Bernadete, esta mãe de Robson Costa, com quem ele trabalharia, anos depois, no “O Jornal de Montes Claros”. Noutra situação, mais tarde ainda, Robson o levaria a trabalhar no jornal “Estado de Minas”, em Belo Horizonte. Toda segunda-feira, Dona Augusta queria ver as mãos de cada um dos alunos, a fim de verificar se as unhas estavam cortadas e limpas. As mãos eram mostradas sobre um lenço. Ela verificava também se cada um havia lavado o rosto de manhã ao acordar. Com o seu jeito rigoroso, a professora se dizia encabulada como “é possível alguém só passar uma aguinha no rosto e pronto, fica até a marca da sujeira”. Mas, o interessante é que, alguns poucos de nós não fizeram “prova final” para passar do primeiro para o segundo, do segundo para o terceiro e do terceiro para o quarto ano. Fizeram provas só no último ano. Por quê? Porque tinham notas suficientes para serem promovidos. Enquanto os outros colegas ainda iam fazer “prova final”, eles já estavam gozando férias. Entretanto, mais interessante, ainda, aconteceu no terceiro ano, no dia em que a Dona Alba pediu à turma para fazer uma “composição” sobre determinado tema. O menino fez a dele no capricho e a entregou. A professora tinha o costume de ler os melhores trabalhos. Naquele dia, ela disse ter em mãos uma “composição muito bonita” e prometia lê-la por último. Quando chegou a vez, Dona Alba leu a composição e ao terminar de ler fez uma observação, lamentando: “É uma pena, mas a “composição” não foi escrita por ele”. A reação dela dizendo isso não podia ser pior, porque injusta. E se o menino tivesse ficado traumatizado por isso, é possível que, hoje, ele não estivesse, aqui, escrevinhando sobre o ocorrido. Inda bem que teve discernimento para entender, e pensou de si para si mesmo: “Se ela achou não ter sido eu o autor, é porque a composição está boa demais”!
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