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Mensagem: Darcy Ribeiro Embora já habitual leitor de suas obras, busquei reconhecer, identificar, conferir Darcy Ribeiro. Diante da grandiosidade de seu valor humano e de sua obra, pareceu-me um ser imaginário, que teria vivido no Norte de Minas, nos primórdios da ocupação portuguesa, buscando entender os conflitos entre os nativos e os colonizadores. Compreender a relação marcada por conflitos entre os habitantes primitivos da terra, em fase da colonização. Indaguei-me: o ser imaginário e investigador teria convivido naquele espaço e naquele tempo com os Guaíbas, Natus, Crixás, Xacriabás e Caiapós, senhores absolutos das terras do Grande Sertão, adotado depois por Guimarães Rosa? Não! Ele viveu muito depois. Nasceu no Norte de Minas, é bem verdade, já em plena República, dizendo os registros que em 26 de outubro de 1922. Assim, diligenciei encontrá-lo em Montes Claros, mas ele havia buscado o Mundo. Então, veio-me o grande desafio. Onde e como encontrá-lo? Investiguei e, investigando, deparei-me com ele no Rio de Janeiro. Ali, descobri um ser humano com uma mentalidade evoluída, muito acima dos que com ele partilhavam espaços dentro de uma sociedade conservadora. Mas, não era um, eram inúmeros Darcys. Vi o político, o idealista, o professor, mas logo a minha mente ficou turbada. Não era mais o Rio de Janeiro, era Brasília, a nova capital da República e ali fiquei perplexo. Ele, no alto do Poder, Chefe da Casa Civil, Ministro da Educação, criando universidades. Na imprecisão, busquei outra dimensão do espaço-tempo e embrenhei-me pelo interior do Sertão e lá, no Éden amazônico, me deparei com um Darcy banhado pelo sol, estudando a natureza humana através de pesquisas entre os índios, buscando uma apreciação analítica e comparativa de sua cultura. De retorno à civilização, foi-me informado que ele, deserdado pela Pátria, estava longe da própria casa. Mas, ele havia levado consigo o seu deslumbramento com a sociedade indígena e a força da sua identidade. Acomodei-me. Esse Darcy, que estava fora de casa, com certeza era o mesmo que eu havia encontrado no Rio de Janeiro, em Brasília ou entre os índios. Ele voltaria. Voltou e foi, mais uma vez, um dos mais importantes líderes políticos e um dos mais conceituados intelectuais deste País, e novamente dividiu-se em campos outros de atividades produtivas. Encontrei, e li, inúmeras biografias do imortal Darcy Ribeiro. Mas, as biografias descritivas muitas vezes não veem a pessoa e era a pessoa que eu procurava. Registro que em 17 de dezembro de 1981 ele foi empossado como sócio honorário da Academia Montesclarense de Letras e, em 8 de outubro de 1992, foi eleito para a Cadeira nº 11, sucedendo a Deolindo Couto na Academia Brasileira de Letras. Quando Darcy Ribeiro ficou encantado em 17 de fevereiro de 1997, o cronista Zuenir Ventura assim se manifestou: “Morreu o grande pajé, foi embora o nosso bom selvagem, subiu aos céus o nosso feiticeiro. A utopia foiçou sem sua encarnação. A política, a ética, a erótica e a poética perderam sua rima rica”.
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