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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O VERDADEIRO RIO SÃO FRANCISCO E SUA DISPONIBILIDADE José Ponciano Neto Atualmente, muito se fala do “Velho Chico”, da sua vazão, do desmatamento das matas ciliares, do assoreamento do seu leito e, por aí vai. Será mesmo que a ÁGUA está acabando? Teoricamente, não. A quantidade é a mesma desde começo do mundo e, até o final da existência das esferas, não vai aumentar e nem diminuir. Uns falam em aquecimento global, outros da ação deletéria do “homo sapiens”. Segundo os glaciologistas - que estudam o perfil do gelo polar - chegaram à conclusão através da perfilagem, que já houve vários aquecimentos há bilhões de anos. Portanto, o homem pode acelerar os processos. Porém, a estiagem e o aquecimento global não são recentes. Já participei de muitas expedições ao longo do Rio São Francisco e de outros importantes rios; cheguei a conclusão por meio da teoria de Malthus - Progressão Aritmética (PA) dos alimentos X Progressão Geométrica (PG) da população - podemos entender porque o Rio São Francisco pode estar secando. Enquanto o crescimento da população cresce de forma geométrica (2-4-8-16...) os alimentos crescem na forma aritmética (1;2;3;4;..). Esta diferença substancial demanda mais água para produzir mais alimentos - para não faltar em breve. São vários grandes projetos de irrigação (agronegócio) e grandes indústrias instaladas ao longo dos 2830 quilômetros do “Velho Chico”. Todos exploram grande volume de água para manter a sustentabilidade e para isso funcionar demanda construir grandes hidrelétricas para gerar mais energia. Já temos algumas grandes no “velho Chico”, como: Três Marias, Sobradinho, Paulo Afonso, Xingó e outras pequenas. Todas elas, para gerar energia suficiente, têm que segurar (represar) mais água para atender a crescente população e a produção dos alimentos e, conseqüentemente, a redução da vazão do rio. - É um dilema. Uma verdadeira “faca de dois gumes”: ou ficamos com pouca água no rio ou teremos graves situações com a produção agropecuária; com o consumo direto; saneamento básico e a atividade Industrial. É claro, em detrimento do lazer e do transporte fluvial. Só para terem uma idéia da evolução do consumo de água, no Império Romano era necessário 20 litros de água por pessoa/dia; no século XIX; 60 litros/pessoa; agora, no século XXI são necessários 250 litros para cada pessoa/dia para preparo de alimentos, higiene e outros usos adicionais. Ai, vem a pergunta: - Se o volume de água na Terra não tem crescimento geométrico e nem aritmético, como vamos nos dar com este alto crescimento de consumo? - Não temos gestão adequada da água, mesmo com o IGAM e a ANA, que, para muitos são órgãos virtuais. Os estudos do comportamento hidrológico do Rio São Francisco e seus afluentes são executados de forma precária pelas empresas usuárias, somente com estações fluviométricas, pluviométricas e Climatológicas distribuídas estrategicamente na região hidrográfica, além das medições de vazões instantâneas. E isto não é suficiente. Os Comitês de Bacias NÃO são apoiados como deveriam, contando com poucos técnicos, que são desestimulados diante da inércia dos governos municipais, estaduais e federal. Face aos estudos e pesquisas, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou que, embora a acessibilidade à água seja direito fundamental do ser humano, em 2025 cerca de 50 (cinqüenta) países não terão água suficiente para atender suas necessidades. O Brasil ainda está numa condição confortável. Mesmo assim, muitas regiões serão afetadas, pois a pressão é constante, sendo o principal motivo o aumento da população, gerando necessidade crescente do consumo de água. Os maiores responsáveis são o crescimento industrial e a expansão da agropecuária intensiva. Finalmente, existe um cenário otimista. Segundo Chistofidis, até 2030, portanto, daqui há 14 anos, 80% dos alimentos serão produzido em áreas irrigadas e, para tanto, a disponibilidade de água aumentará em 13%. É pouco. Mas, se avançarmos com a tecnologia da engenharia de irrigação, associada à gestão apropriada dos recursos hídricos, a disponibilidade de água na calha do Rio São Francisco será melhor. Nas minhas participações em programas do Ministério do Meio Ambiente, entre eles, o Programa de Revitalização do Rio São Francisco e Programa Água Doce; confirmo que, muitas Estações de Tratamento de Esgoto – ETEs foram construídas para despoluir o rio, e, para a dessedentação humana, a dessalinização das águas subterrâneas em pequenas cidades e comunidades rurais da Bacia do Rio São Francisco estão sendo a solução (salvação). Somados as expedições, que foram para mim uma reconexão com a natureza e as comunidades, pude conhecer a nascente do Rio São Francisco. Ao contrário do que estão dizendo, não foi a primeira vez que secou - em 2015 e no final de 1976 – em visita técnica - estivemos lá e tivemos a oportunidade de observar a nascente estava úmida, mas, não tinha sequer, um filete d’água. Em outras ocasiões, também, como expedicionário pelo “Velho Chico”, conheci a Cachoeira de Casca D’anta, com 230 metros de queda; a Usina de Três Marias; a cidade Bom Jesus da Lapa; a Barragem de Sobradinho ( maior lago artificial do mundo); a Usina de Paulo Afonso, os Cânions do Xingó com 150 metros de profundidade e seus paredões com suas pinturas rupestres; a cidade de Juazeiro-BA e Petrolina-PE com seus 100.000 hectares de irrigação (uma mega produção de uva para exportação); Penedo; Piranhas; Ilha do Rodeador; a hidrelétrica de Xingó –Canindé -SE ; Gruta do Angico e, finalmente, Piaçabuçu-AL e a sua foz com o majestoso farol inclinado como a Torre de Pisa. Voltando ao minguado Rio São Francisco, cabe ao Estado, por intermédio do IGAM, a União, ( ANA), usuários e outros órgão gestores, fazerem regulação do acesso a este BEM PÚBLICO, para garantir a sustentabilidades das atividades intervenientes. São muitos diagnósticos; muitas reportagens; sensacionalismo e poucos estudos. Assim, não temos certeza de que o Rio São Francisco está morrendo ou passando por um ciclo hidrológico severo. A sazonalidade da vazão ainda é incógnita diante destes 513 anos que Américo Vespúcio (primeiro navegante do “Velho Chico”) conheceu sua foz e subiu acima. - Faltam muitos estudos e ações. (*) Técnico em Meio Ambiente e Recursos Hídricos; escritor; historiador e Conselheiro do Comitê das Bacias do Jequitaí, Pacuí e Trecho do Rio São Francisco.

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