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Mensagem: ETCÉTERA E TAL. Tio Maurício que me contou o causo, mas não me confidenciou o sobrenome do personagem. Disse apenas que era um aprendiz de alfaiate, conhecido por Dorival, Dô para os íntimos. Morava nos Morrinhos e trabalhava numa alfaiataria da rua XV. Nos intervalos do trabalho ia para o bar da esquina, o Boca de Pito, contar potocas e revelar seu sonho de ser um renomado costureiro. - Ainda vou ser famoso, vou fazer é roupa pra grã fino lá em São Paulo, cês vão ver! Tanto disse e repetiu, que um dia fez as malas, passou na casa da sua noiva Gracinha, fez juras de amor, prometeu que retornaria em breve com o certificado de alfaiate e as passagens pra levá-la casada pra cidade grande. Dito e feito. Passado pouco mais de um ano, eis que chega à estação de trem de Montes Claros, Dorival, nos trinques. Terno azul-escuro estalando, com um corte diferente, modernoso, lenço vermelho dobrado no bolsinho do paletó, camisa listrada, calça vincada e sapato lustrado, bicolor, com ponteira de metal. As malas novíssimas de couro e com fechadura dourada. Os funcionários e passageiros, na plataforma de desembarque, contemplaram aquela elegância toda, mas não atinaram que a figura era um cidadão montesclarense repaginado. Apenas, um menino, vizinho e morador da Ovídio de Abreu, o identificou e perguntou: - Ô, Dô, cê quer que eu leve suas malas? Dorival, formalmente, respondeu: - Pois não, Guri, faça o favor. Ao descer a escada da estação, o garoto desconfiado já mudou o tratamento: - Ô, Seu Dô, pra onde nós vamo? - Guri, eu vou hospedar no hotel São José, na praça Coronel Ribeiro, etcétera e tal. Seguiram pela Barão do Rio Branco e foram descendo, no que o Dorival perguntou: - Como andam as chuvas por aqui, escassas? etcétera e tal. - Tem tempo que não chove, Seu Dorival. - Venho da terra da garoa. Lá em São Paulo, difícil é o dia que não chove, etcétera e tal. Ao chegar ao Hotel, o alfaiate perguntou ao menino: - Guri, você sabe onde mora Dona Clarice, nos Morrinhos? etecetera e tal. - Sei sim, é a casa de Gracinha, sua noiva. Dando uma gorjeta graúda, lhe ordenou: - Pois bem, vá lá e diga a ela que vou tomar um banho, repousar um pouco, etcétera e tal, e que mais tarde passarei por lá, etcétera e tal, para a gente sair, etcétera e tal. O menino partiu numa carreira e rapidinho estava na porta da casa da noiva, de onde gritou: - Ô de casa? Ô de casa? Nisso, apareceu Dona Clarice e perguntou: - Que isso, menino, pra que esta gritaria toda? - É pra avisar pra Gracinha que o seu Dorival chegô, etcétera e tal, que tá no hotel São José, etcétera e tal, que vai tomá um banho e descansá, etcétera e tal, e depois vai passá aqui pra buscá-la, etcétera e tal, e que eles vão sair, etcétera e tal. Dona Clarice ouviu aquilo tudo, estranhou o palavreado e disse: - Menino, volte aqui, que história é essa de etcétera e tal? O garoto virou e, batendo a mão esquerda aberta na outra fechada, sentenciou: - Sei não, dona Clarice, mas eu acho que é, ó: Top! Top! Top...
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