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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: *POBRES OU RICOS, O DIFERENCIAL ESTÁ NA EDUCAÇÃO!* * Marcelo Eduardo Freitas O padre e escritor Paulo Bazaglia, da arquidiocese de São Paulo, relata-nos que, certa feita, ouviu de alguém que um pessoa era tão pobre, mas tão pobre, que a única coisa que lhe restara em vida era “muito dinheiro”. De fato, quem nunca se deparou com alguém que, não obstante mantenha um patrimônio material considerável, nutre uma vida de miséria? Sem sono, sem paz, sem amor! São pessoas que apresentam um caráter tão vil e uma alma tão pequena que não ultrapassam um “grão de mostarda”. Não sem razão, assim, o poeta grego Eurípedes afirmava que “há uma espécie de pobreza espiritual na riqueza que a torna semelhante à mais negra miséria”. Do evangelho canônico de Lucas, 12, 15-17, se extrai que devemos tomar “cuidado contra todo tipo de ganância, por que, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. Percebe-se, destarte, que o cerne da altercação aqui proposta gira em torno dos conceitos de riqueza e pobreza, transcendendo, lado outro, a questão eminentemente tangível. Não quero aqui travar uma discussão puritana sobre o tema, enfocando aspectos sobremaneira teológicos. Mas parafraseando David S. Landes, professor emérito da Universidade de Harvard, em sua obra A Riqueza e a Pobreza das Nações, aplicável plenamente a nós, seres humanos, por que alguns são tão ricos e outros tão pobres? Num registo refulgente, David S. Landes nos apresenta explicações persuasivas, dignas de consignação nesse espaço: “O mundo está dividido em três espécies de nações: aquelas em que as pessoas gastam rios de dinheiro para não aumentar de peso, aquelas em que as pessoas comem para viver e aquelas em que as pessoas não sabem de onde virá a próxima refeição”. Se chegou até aqui, certamente você não se enquadra nesta última opção! Estimado leitor, o Brasil superou, em parte, a extrema pobreza. São raros os casos de pessoas que morrem à mingua de alimentos. Lado outro, estamos extremamente distantes de alcançar a riqueza para o nosso povo, mormente em razão do nosso viciado e pútrido sistema político, agregado a uma corrupção institucionalizada, que retira das pessoas o acesso ao conhecimento, único mecanismo de efetiva “libertação”. Os brasileiros, em geral, não conseguem participar das decisões políticas relevantes, ao menos de forma consciente. Permitem a perpetuação de práticas absolutamente reprováveis. À guisa de exemplos, citam-se os recorrentes casos de “detentores de poder” que, inobstante os sucessivos envolvimentos em escândalos, retornam ao comando dos “castelos”. O Senador Cristóvam Buarque, certa feita, afirmou que “a pobreza de visão dos ricos impediu também de verem a riqueza que há na cabeça de um povo educado. Ao longo de toda a nossa história, os nossos ricos abandonaram a educação do povo, desviaram os recursos para criar a riqueza que seria só deles, e ficaram pobres: contratam trabalhadores com baixa produtividade, investem em modernos equipamentos e não encontram quem os saiba manejar, vivem rodeados de compatriotas que não sabem ler o mundo ao redor, não sabem mudar o mundo, não sabem construir um novo país que beneficie a todos. Muito mais ricos seriam os ricos se vivessem em uma sociedade onde todos fossem educados. Mas isso é esperar demais. Os ricos são tão pobres que não percebem a triste pobreza em que usufruem suas malditas riquezas´. Obviamente, não se pode generalizar situações. Mas, em função de seu histórico de colonização, desenvolvimento tardio e dependência financeira, além dos problemas internos, antigos e recentes, as classes dominantes de nosso país - isso nos parece um axioma - sempre se mantiveram no ápice da pirâmide econômica às custas da desgraça e da falta de educação de nosso povo. É preciso, sob quaisquer aspectos que se busque enfrentar, alterar esse estado de coisas. Precisamos de mais pessoas que, não obstante a ausência transitória de recursos materiais, apresentem um razoável nível de consciência crítica. Em tempos de olimpíadas no Brasil, onde tudo parece festa, não é desarrozoado concluir com as palavras do cantor e compositor jamaicano Bob Marley: “É melhor atirar-se à luta em busca de dias melhores, mesmo correndo o risco de perder tudo, do que permanecer estático, como os pobres de espírito, que não lutam, mas também não vencem, que não conhecem a dor da derrota, nem a glória de ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito, ao final de sua jornada na Terra não agradecem a Deus por terem vivido, mas desculpam-se perante Ele, por terem apenas passado pela vida”. Uma vez mais, está chegando a hora de refazermos nossas lutas. O primeiro domingo de outubro parece ser uma boa data para a batalha. Está com medo de quê? (*) Delegado de Polícia Federal e Professor da Academia Nacional de Polícia

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